O prefeito Rafael Greca adora factoides para ocupar espaços e distrair a população nas redes e nas mídias, mas de forma inconsequente. Recentemente, lançou nas redes sociais, com repercussão em todas as mídias, que o reajuste da tarifa de ônibus de Curitiba – de R$ 3,70 para R$ 4,25, no início de fevereiro – pode não ir para a renovação da frota.
A decisão de reajustar a tarifa em 15% – bem acima da inflação anual, que foi de 6% – seria justamente para renovar a frota de ônibus da capital, que está rodando hoje com 300 veículos com vida útil vencida, pondo em risco a segurança dos usuários do transporte coletivo. É uma situação grave para ser tratada com tanta leviandade, para ser usada criando factoides para recuperar sua popularidade em baixa, segundo as pesquisas de opinião.
Serve também como prática para desviar a atenção dos graves problemas que enfrenta em sua administração, como a situação da saúde, educação e recursos humanos, com as medidas drásticas que está tomando para reduzir os gastos públicos à custa do não cumprimento de negociações coletivas com o funcionalismo municipal, realizadas pela gestão anterior.
Os empresários não cedem porque sabem que o contrato os protege em todas as demandas judiciais
O prefeito gosta muito de blefar, ao mesmo tempo em que aparece em foto com o maior empresário do transporte coletivo de Curitiba, poucos dias após as eleições, em uma reunião no Country Clube. Até hoje deve uma explicação sobre essa foto. Negócios que envolvem interesse público devem ser agendados e tratados no gabinete do prefeito, não em uma mesa de bar. Depois disso, como é possível convencer a opinião pública de que não é blefe essa ameaça de não utilizar o aumento brutal da tarifa para a renovação da frota vencida? E como ele pode afirmar que tal recurso pode ser utilizado para outra finalidade? A sociedade merece uma explicação sobre se haverá ou não desvio de recursos públicos.
É de domínio público que os empresários, há algum tempo, ganharam uma liminar na Justiça para não renovar a frota, com o argumento do desequilíbrio econômico-financeiro – de difícil comprovação, mas que está no contrato pós-licitação de 2010, também questionado por várias entidades civis e públicas. O que o prefeito ameaça e não poderá cumprir é o efeito de uma liminar. Sabendo disso, Greca lança o factoide, jogando para a plateia num jogo já perdido, ao pedir aos empresários a retirada das ações na Justiça contra a Urbs, o que significa abrir mão do contrato.
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Há muito tempo não vemos qualquer avanço nesse sentido. Nem o Ministério Público, que estava mediando uma negociação entre a prefeitura de Curitiba e os empresários para mudanças no contrato, conseguiu isso. Vamos nós, agora, acreditar que o prefeito Rafael Greca conseguirá tal façanha? Os empresários não cedem porque sabem que este contrato os protege em todas as demandas judiciais.
O porcentual embutido na tarifa para renovação da frota repassado aos empresários foi utilizado em 2010 na compra dos Hibribus e dos biarticulados. Após isto, não houve mais renovação de frota e o dinheiro foi repassado aos empresários, que devem estar aplicando-o no mercado financeiro; agora, encontra-se retido na Urbs desde o último reajuste, gerando a atual falsa polêmica difundida pelo prefeito, de que não vai repassar o recurso para a renovação da frota sucateada. Vamos ver até quando.
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