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Sínteses – O retorno do público aos estádios de futebol

O problema não é a pandemia, mas regras malfeitas

O Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília, é citado como possível sede da Copa América
O Estádio Nacional Mané Garrincha, em Brasília. Imagem ilustrativa. (Foto: Agência Brasília)

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Gradativamente os torcedores brasileiros estão voltando aos estádios. A torcida do Atlético Mineiro fez uma festa belíssima e esgotou os ingressos para ver seu time de “galácticos”. Os torcedores do rival celeste tiveram a oportunidade de incentivar seu clube no pior momento de sua história. E os privilegiadíssimos flamenguistas de Brasília têm tido a oportunidade de acompanhar o timaço de Renato Gaúcho.

Em meio à volta da torcidas, aqueles que negam a ciência e a efetividade da vacina e/ou a validade das testagens têm realizado uma série de críticas. O prefeito de Belo Horizonte e ex-presidente do Atlético, Alexandre Kalil, manifestou-se de forma bastante incisiva ao criticar os torcedores do alvinegro mineiro. Kalil criticou, sobretudo, a falta de máscaras e as aglomerações fora dos estádios. O prefeito, recorde-se, sempre foi rival político de Ricardo Guimarães, um dos “4 Rs” que fazem a gestão do Atlético. Eventuais títulos do clube este ano não poderiam ofuscar o histórico 2013 e prejudicar eventuais pretensões políticas?

Em Belo Horizonte, o grande responsável pelas aglomerações foi um decreto ruim. A regulamentação do retorno das torcidas proíbe a venda de bebidas alcoólicas nos estádios de futebol. Quem já estudou eventos esportivos sabe que quando não se vende cerveja nos estádios, os torcedores bebem do lado de fora e entram no estádio no último minuto. Com todos entrando de uma vez, a aglomeração é inevitável. Além de ser responsável pelas aglomerações, a proibição da venda de bebidas não tem qualquer fundamento científico, eis que não há pesquisas e estudos que relacionem o consumo de cerveja com o contágio pela Covid-19.

No que tange ao uso de máscaras, por óbvio ele é recomendado, mas é impossível controlar seu uso em qualquer espaço que reúna mais de 50 pessoas. Para tal constatação, basta circular em shopping centers, restaurantes ou mesmo pelas ruas. Além disso, todos os torcedores (independentemente de estarem vacinados) estavam testados. Ou seja, 100% dos presentes não estavam com Covid-19. Causa estranheza exigir exame dos vacinados. Não se buscou tanto a vacinação para a “volta ao normal”? Agora nega-se a validade da vacina?

O mundo passou, passa e passará por pandemias e nenhum dos vírus foi extinto, mas a humanidade se adaptou a viver com eles. E é isso que tem de ser feito. A vida precisa voltar.

A Covid-19 mata? Sim. O câncer mata. A cardiopatia mata. A diabete mata. A fome mata. A violência urbana mata. Mas, apesar de todos os riscos, o ser humano não pode viver trancafiado e precisa levantar todos os dias, trabalhar, produzir e se divertir. O pânico foi instaurado e, mesmo com toda a ciência trabalhando pela salvação da humanidade, ainda há quem negue a prevenção, a vacinação e os testes.

Se o poder público estivesse realmente preocupado com a contaminação, teria, por exemplo, disponibilizado três ônibus para cada horário. Diariamente, em cidades como Belo Horizonte, Rio e São Paulo, não são 18 mil pessoas testadas que se aglomeram, mas milhões de pessoas se acotovelando nos ônibus para ganhar seu pão de cada dia. Esses, sim, estão expostos cruelmente ao vírus. É hora de parar com hipocrisia e demagogia.

Previna-se, use máscaras, vacine-se, mas viva. A vida é agora e o depois pode nunca chegar.

Gustavo Lopes Pires de Souza é mestre em Direito Desportivo pela Universidade de Lérida (Espanha), MBA em Consultoria e Gestão Empresarial, especialista em Gestão em Marketing Digital e membro da Academia Nacional de Direito Desportivo. 

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