Nossas prioridades nos definem. A maioria de nós escolhe, humanamente, perseguir conforto, segurança, reconhecimento, até mesmo a fatuidade dos "símbolos de status". Uns poucos, santos, demônios e artistas, preferem a eternidade não têm a possibilidade de não preferi-la. A visão estética, política, de ideias ou de revolução os domina e leva a fazer grandes coisas, coisas terríveis, coisas medíocres, coisas geniais, sempre verdadeiras, ainda que nem sempre belas ou morais. O que de melhor e pior a humanidade já realizou foi por iniciativa dessas pessoas, que geralmente são indiferentes à riqueza, algo muito importante para os comuns mortais.
Já entre as pessoas que valorizam e obtêm sucesso material há as que nunca se sentem verdadeiramente seguras de sua sorte. Precisam de autoafirmação permanente, têm atitude ostensiva e arrogante, usam roupas e acessórios que custam muitas vezes mais do que realmente valem (mas trazem os sinais de seu preço à mostra), frequentam apenas "áreas vip", gostam de champanhes caros servidos com fogos de artifício e de outras puerilidades. Parece que conseguem alguma ressonância, pois há entre muitos um sentimento difuso de que são realmente merecedores de deferência e inveja.
Ganha com isso repercussão o debate acerca do desinteresse pelos bens materiais representar na verdade uma espécie de fuga da sua busca. Qual seria o limite entre o direito individual a uma vida franciscana, de desapego, e o direito dos familiares e dependentes quando ainda não puderem prover o próprio sustento? Temos tendência a duvidar que essa desambição possa ser verdadeira é quase como se acusássemos aquele que opta por ela de egoísmo ou infantilidade, por não dar maior importância àquilo que é fundamental na concepção da maioria. Mas possivelmente seja real e uma das melhores coisas da vida.
Somos socialmente educados para valorizar apenas os símbolos fáceis de sucesso. Porém, este tem muitas vertentes, muitos significados, há infindas formas de tê-lo e, na maior parte delas, não estará ligado apenas à posse de bens materiais.
Tem-se valorizado muito pouco as conquistas intelectuais. Já quase não se admiram as pessoas por sua cultura e gentileza. Os heróis da ficção não são exatamente bons exemplos são muitos os demagogos com belos discursos e escassas realizações.
Sem ter como referência um comportamento mais solidário, o desejo de desenvolvimento intelectual e uma boa reflexão sobre os valores sociais vigentes, até mesmo alguns que deveriam ser mais bem pensados antes de serem aceitos, será difícil mostrar aos jovens o verdadeiro valor da educação, embora seja possível e cada vez mais necessário.
Wanda Camargo é educadora e assessora da presidência das Faculdades Integradas do Brasil (UniBrasil).
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