Vários afegãos mostram credenciais a forças internacionais para tentar fugir do país em um dos voos da operação de evacuação, no Aeroporto Hamid Karzai, Cabul, Afeganistão, 26 de agosto| Foto: EFE/AKHTER GULFAM
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Desde 15 de agosto, quando o Talibã tomou o poder no Afeganistão, testemunhamos o espanto da comunidade internacional frente aos acontecimentos naquele país, principalmente no que diz respeito à ausência de direitos humanos das mulheres, atentados terroristas e mortes. Contudo, a retomada do grupo extremista ao poder não é surpresa; a ameaça sempre existiu. E o mesmo acontece com diversos outros países do mundo, em casos que vão desde o tráfico humano até situações inimagináveis. Mas ninguém sequer vê – ou apenas finge que não.

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No mundo moderno das desigualdades, em que a evolução tecnológica trouxe ainda mais diferenças de classes e enriqueceu apenas aqueles que já detinham o poder nas mãos, agendas igualmente tristes e não humanitárias são diariamente ignoradas por uma sociedade cada vez mais egoísta e egocêntrica. Cientistas e historiadores dizem que somos a espécie Homo sapiens sapiens... Mas quão sapiens realmente somos? Precisamos de um olhar mais humano, inteligente e acolhedor para o que está acontecendo. Não apenas no Afeganistão, mas em todo o planeta.

Há oito anos, quando assumi uma cadeira no Parlamento italiano, assustei-me em ver a quantidade de movimentos xenófobos existentes na Europa. Sim, a xenofobia ainda existe e agendas de extrema-direita são capazes de intensificá-la, como o que vemos principalmente na Hungria, Grécia, Polonia, França e até mesmo em alguns pontos da Itália e do Brasil.

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Gillian Triggs, membro da agência da ONU para refugiados, está certo: “As demandas sobre o sistema de refugiados são absolutamente sem precedentes”. No ano passado, apesar do freio da pandemia na migração, 1,4 milhão de pessoas buscaram proteção fora de seus países de origem. Mas alguns políticos nacionalistas parecem não ter interesse em cumprir os deveres impostos pela convenção relativa ao estatuto dos refugiados – diferentemente da Itália, que se prepara para abrigar 5 mil refugiados.

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    Contudo, precisamos de mais! O método de acolhimento de refugiados ainda é muito pobre em todo o mundo. Para se estabelecer em um novo país, ser inserido no mercado de trabalho é fundamental; no entanto, este tem sido um grande desafio. Sem emprego e sem dignidade, ainda é comum vermos refugiados em estado de extrema pobreza ou buscando auxílio no crime. O mundo precisa abrir os olhos e se conscientizar para garantir um futuro próspero a todos.

    Renata Bueno é advogada internacionalista, ex-vereadora em Curitiba (PR) e ex-deputada do Parlamento italiano, representando a União Sul-Americana dos Emigrantes Italianos.