O 7 de setembro em 2022 tem conotação política? Sim, sempre teve, por razões óbvias. O Rock in Rio 2022 tem conotação política? É claro que as temáticas se interligam em determinado momento, porém, é favorável que se exalte a liberdade de expressão em todas as suas camadas.
Há quem diga que o evento de 7 de setembro será composto em sua maioria por partidários de políticos, o que não acredito, mas há a sensação de que, de fato, nos últimos anos o patriotismo voltou à tona. E o que o Rock in Rio tem a ver com isso?
Independentemente da escolha pessoal de casa artista, preciso exaltar que todos temos direito à liberdade de expressão. É patético que se peça a um artista que não use o palco para expressar sua vontade eleitoral. Inclusive, vejo isso com bons olhos. O evento é privado, e, ocorrendo vaias ou aplausos, o risco é do artista e a decisão é do público. Depois será decidido por seu cancelamento ou ascensão.
Diferentemente do festival de rock, o 7 de setembro tem como “Palco Mundo” a composição do povo, ele é a atração principal. E na festa da Independência haverá segurança feita por snipers e esquadrão anti-bombas. É uma vergonha nacional, mas quem se importa?
Imagine a surpresa das próximas gerações ao saberem que os 200 anos de Independência do Brasil foram marcados por um povo taxado de fascista por usar verde e amarelo enquanto clamava por liberdade? E ao mesmo tempo, uma ânsia por democracia, democraticamente sem verde e amarelo, clamando por revolução na cidade do Rock ao som de “joga, bate e quebra de ladinho”.
Colocar o 7 de setembro dividindo manchete com o Rock In Rio é uma situação análoga ao pai indo trabalhar, visando pagar as contas do mês, enquanto o filho mata aula para criar um grêmio estudantil partidário. Sejamos sinceros, é muito charmoso dividir a mortadela e lutar contra o fascismo de manhã e comemorar seu ato civilizatório à noite com gostinho de caviar.
E se alguém for acusado de pagar uma fortuna para entrar no Rock In Rio, a orientação é apresentar foto e vídeo cantando a mais recente música dos Racionais MC`s. Inclusão é tudo de bom, desde que não tenha esse povo de verde de amarelo na rua. Esse bando que vota e elege presidente.
Dinho Ferrarezi é jornalista.
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