| Foto: Beto Barata/Presidência da República

Milhares de brasileiros voltaram às ruas no dia 4 de dezembro, numa clara demonstração de que a sociedade continua atenta aos desmandos da classe política e manterá uma rigorosa vigilância não só sobre os congressistas, mas sobre todos os agentes públicos responsáveis pela condução do nosso país.

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Quando chegamos ao cabo de um ano marcado pelas gigantescas mobilizações populares do primeiro semestre, que redundaram no processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, cabe uma reflexão sobre o papel reservado ao homem a quem o destino jogou a responsabilidade de conduzir o país, num dos momentos mais críticos que já vivenciamos.

O vazamento recente da deleção do lobista Claudio Melo Filho colocou o nome de Michel Temer no centro da crise institucional que assusta o país. Do presidente esperamos, acima de tudo, que não deixe suspeitas sobre sua conduta, que se dirija aos brasileiros com respostas convincentes e com a postura de um líder capaz de conduzir o país por esta difícil travessia até 2018, quando teremos novas eleições presidenciais.

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Esperamos que este governo lance as bases que assegurem um futuro promissor para o nosso país

Confiança e credibilidade são essenciais para que se coloque um fim às turbulências políticas que intranquilizam o Brasil. Do presidente Michel Temer esperamos, com fé e esperança, que exerça com coragem e transparência o papel a ele reservado pela história.

Coragem para estar à frente no combate a um modelo de fazer política fundado no clientelismo e no patrimonialismo que tanto atraso nos tem custado e que pode, se não for rompido, nos condenar à triste sina de eterno país do futuro.

Coragem para dar início a um processo de reconstrução do Estado brasileiro, gigante, burocrático, pesado, paquidérmico, ineficiente. Um Estado faminto que deveria servir a nação e não dela se servir e que, com uma carga de impostos sufocante, suga as riquezas produzidas pelos brasileiros sem a devida contrapartida em serviços de qualidade.

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Coragem para promover uma profunda reforma em nosso sistema educacional, tomado pelos interesses corporativos e por uma militância ideológica nociva aos próprios fundamentos da educação. Como prova de que algo está muito errado, dados que acabam de ser divulgados pelo Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa) apontam que, embora tenha crescido substancialmente o investimento por aluno nos últimos anos, a educação brasileira continua entre as piores do mundo.

Coragem para enfrentar as resistências sindicais e defender a tão necessária mudança na legislação trabalhista defasada e envelhecida. Não se trata de retirar direitos, mas de flexibilizar a legislação para reduzir custos e melhorar a produtividade, permitindo-se, por exemplo, que acordos coletivos possam valer como lei.

Coragem para negociar a reforma da Previdência com sensibilidade e senso de justiça para não impor carga de sacrifícios apenas aos trabalhadores da iniciativa privada. Afinal, esta maioria de brasileiros não tem o poder de pressão das corporações estatais, com seus salários muitas vezes acima da média da iniciativa privada e com suas aposentadorias privilegiadas.

Pode parecer tarefa grande demais para tão pouco tempo, mas o país tem pressa. Devemos ter consciência de que essas e outras reformas a serem conduzidas por este governo de transição não serão o bálsamo para todos os males do Brasil, mas certamente recolocarão a nação nos trilhos após tantos anos de desleixo com a coisa pública e de degradação institucional.

Nós, brasileiros, esperamos que este governo cumpra com seu papel e, de vez, lance as bases que assegurem um futuro promissor para o nosso país.

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Edson José Ramon, empresário, é presidente do Instituto Democracia e Liberdade (IDL) e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP).