Terceira e última lição: exportação

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Em dois artigos anteriores, venho analisando os ensinamentos que o Japão passou para o mundo, mas que todos os países subdesenvolvidos ou mesmo em desenvolvimento, como o Brasil, ainda não aprenderam, infelizmente. A primeira lição foi a da educação pública, nos níveis fundamental e médio para 100% da sua população. Em termos de educação, a preocupação japonesa foi a de garantir qualidade de ensino e em quantidade (todas as escolas em tempo integral). Conseguiram qualidade porque decidiram pagar um salário decente para quem se tornasse professor, e assim angariaram as pessoas mais qualificadas. Ora, no Brasil, não temos nem escolas em tempo integral, como também são poucos os professores altamente qualificados, que permanecem no ensino fundamental e médio, porque os salários deles são muito baixos, sem falar que muitos até têm vergonha de dizer que são professores. Esta aposta japonesa em educação começou há cerca de 100 anos atrás. Ser professor lá dá "status".

O segundo ensinamento do Japão foi o de que sem apostar em ciência e tecnologia, ou seja, um ensino prático e voltado para o mercado de trabalho, a educação em si não resolveria o problema da pobreza daquele país há uns 70 anos atrás. Em outras palavras, tanto o governo como as empresas japoneses passaram a sentir necessidade de fazer uma educação com cunho tecnológico, ou seja, um ensino orientado para a formação profissional. Eles investem cerca de 600 dólares por habitante por ano, enquanto, no Brasil é de apenas 40 dólares. Hoje sabemos que a tecnologia é o melhor caminho para aumentar a produtividade e tornar as empresas mais competitivas. Pode-se dizer, sem errar, que país desenvolvido é aquele que investe muito em ciência e tecnologia.

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O terceiro ensinamento Japonês foi o de perceber que, mesmo apostando em educação técnica, o país ainda continuava pobre, apesar de já competitivo. Foi aí que ele descobriu que a exportação era o caminho para enriquecer o seu povo. Internamente, como a renda do japonês era baixa, o consumo era também pequeno e a saída seria produzir para quem tinha nível de renda elevado. Isso, o Japão percebeu há quase meio século atrás. Ora, os Estados Unidos já tinham um nível de renda elevado e seriam um bom mercado para os produtos japoneses, ainda mais que, por causa da educação tecnológica, eles produziam produtos bons e baratos. Assim, começaram a exportar para os Estados Unidos. Sabemos que para exportar, um país precisa produzir internamente e para produzir tem que empregar os meios de produção, inclusive, mão-de-obra, gerando, assim, renda. Com renda, as pessoas começam a consumir internamente, criando um mercado interno forte. Foi dessa maneira, que o Japão criou o segundo maior mercado interno do mundo. Em outras palavras, o Japão ficou rico, exportando e eles exportam o equivalente ao produto interno bruto brasileiro, ou seja, algo como 700 bilhões de dólares por ano.

Ora, no Brasil, as exportações começaram a se expandir recentemente e apesar de fazermos festa porque exportamos 118 bilhões de dólares no ano passado, podemos afirmar que este valor é vergonhoso, considerando o potencial do nosso país. Mas como podemos exportar muito, se internamente, as empresas têm que encarar o pagamento de 61 impostos, os juros mais elevados do mundo e um transporte caríssimo, pois o Brasil optou pelo segundo meio de transporte mais caro, que é o rodoviário?

Também não vamos esquecer que há cerca de uns dez anos havia muita gente, que, aliás, hoje está dirigindo o nosso país, que achava uma estupidez o Brasil exportar, uma vez que havia brasileirinhos passando fome. O que eles defendiam era: ao invés de exportar, essa produção deveria ser destinada para os brasileiros. Ora, como eles poderiam comprar, se não têm renda? O caminho correto é exportar, para dar emprego para o brasileirinho, pois, assim, ele consegue renda e pode passar a ser um consumidor.

Em suma, exportar é o melhor caminho para tornar um país rico e principalmente possibilitar que o seu povo se torne rico e um forte mercado consumidor. Para tanto, é fundamental apostar no ser humano, qualificado, via boa educação para todos, pobres e ricos, em base tecnológica. Infelizmente, o Brasil ainda não aprendeu nenhum desses três ensinamentos e é por isso que o nosso país tem povo pobre e sofrendo muito. Pense nisso!

Judas Tadeu Grassi Mendes é Ph.D. e diretor-presidente da Estação Business School.

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