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O que os moradores do São Francisco buscam

Nos últimos meses, os moradores do bairro São Francisco vêm sendo demonizados pelos meios de comunicação quando apenas reivindicam seus direitos. Queremos esclarecer os fatos, iniciando pela Quadra Cultural; em momento algum, em seu abaixo-assinado, os moradores do bairro pediram o fim do evento, mas para que o mesmo seja transferido de local dadas as proporções que tomou. O local se tornou inadequado pela quantidade de pessoas que se aglomeram.

O barulho excessivo na véspera, no dia do evento e até no dia seguinte prejudica o direito ao sossego noturno, além do direito de ir e vir dos que ali residem. Essa é a realidade, e não o que vem sendo divulgado. É simples: se o local é residencial e o evento vem crescendo anualmente, com nítido prejuízo aos moradores, é justo que se busque um local mais adequado e que preserve o direito das pessoas. Perguntamo-nos: por que tanta polêmica? Será que não se trata apenas da promoção do interesse individual de alguém? Como o evento vem se realizando à revelia dos interesses dos moradores, não restou alternativa a não ser buscar a intervenção do guardião dos interesses das pessoas, o Ministério Público.

Nenhum morador é contra o desenvolvimento do bairro, quer com atividade noturna ou diurna – o que se busca é um desenvolvimento com qualidade, igualitário, sadio, que preserve o meio ambiente, o bem-estar, a qualidade de vida e o sossego noturno. Já temos bons exemplos de casas noturnas que vêm investindo nesse sentido porque possuem essa linha de pensamento, e que também estão sendo prejudicadas. Por quê? Porque existem várias outras que pensam de forma adversa, visando única e exclusivamente a seus interesses, ao investir o mínimo possível, incentivando aglomerações e consumo nas ruas e calçadas, transformando-as em lixões e mictórios públicos.

A indignação é ainda maior por sabermos que a maioria dos comerciantes noturnos e consumidores não reside no bairro; eles chegam após as 19 horas. No caso dos comerciantes, eles abrem seus minúsculos estabelecimentos, utilizam como balcão as ruas e calçadas e, no fim da madrugada, fecham e vão embora, bem como os frequentadores que vão para suas casas, deixando como lembrança para os que ali despertam diariamente a ressaca de mais uma noite mal-dormida, um panorama desolador e fétido, cenário da luta incansável dos garis.

Entendemos que, se o Ministério Público vem pedindo o fechamento de alguma casa, temos a certeza de que o faz com base em informações robustas prestadas por órgãos fiscalizadores, em atendimento às incansáveis reclamações dos moradores.

O que os moradores do São Francisco estão defendendo? Um desenvolvimento harmonioso, com casas noturnas que atendam seus clientes no interior de seus estabelecimentos, que possuam seguranças para ajudar a coibir atos de vandalismo, que tenham isolamento acústico, que não permitam consumo de bebidas na frente de seus estabelecimentos, que não permitam sujeira. Queremos casas noturnas comprometidas com o efetivo desenvolvimento e segurança do bairro, que garantam aos residentes seus direitos, que não pensem apenas na busca do lucro fácil e imediato em detrimento dos outros. Quando chegarmos a essa conciliação, teremos a certeza de que, juntos, vamos buscar outras melhorias para o bairro.

Adelino Zanella, Bruno Cesar Bodziak e Carla Regina Bertoldi de Lima são moradores do bairro São Francisco e autores do abaixo-assinado pela transferência de local da Quadra Cultural.

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