Se em algum momento o silêncio na política foi a melhor alternativa para questões delicadas (como efetivamente foi muitas vezes), agora é tempo para o esclarecimento. O relógio está batendo horas e é preciso saber exatamente para onde estamos indo. Negar é a primeira etapa de toda despedida. Dizer que não é, que não existe, que não tem importância. Nós estamos deixando no passado o mundo como o conhecemos.
A maneira como o governador do estado reage às circunstâncias é muito importante para nós, paranaenses. Se ele escolhe boas explicações, podemos nos sentir mais firmes em nossas atitudes diárias. Vamos para o trabalho, seja lá onde for esse trabalho, com menos ansiedade, por exemplo.
O Paranismo, que nos orgulha e que nos trouxe padrões altíssimos de qualidade em nossas políticas e negócios, é ameaçado por quem tenta explicar coisas difíceis com ideias que não fazem sentido para o presente, que dirá para as próximas décadas.
Quando brasileiros entendem que intervenção militar e ato institucional podem resolver problemas é porque não acreditam no que foi a grande mobilização democrática, especialmente a das Diretas Já. Mas isso não significa que faixas e crendices podem nos levar efetivamente ao autoritarismo. Temos de levar em conta que, até a chegada do AI-5, houve muitas etapas frustradas de recomposição dos poderes.
O que não se pode deixar passar é que os presidentes do Executivo e do Legislativo estejam se digladiando bem à nossa frente, usando desculpas institucionais para fortalecer palanques eleitorais. Estão usando temas relevantes, como o aprimoramento da democracia e dos poderes, para hastear bandeiras partidárias, deixando de lado o que é importante para agora.
Neste cenário, é bom mencionar uma máxima histórica: “quem não está contra mim está a meu favor”. Quando Ratinho Junior deixa de assinar um documento junto aos governadores brasileiros (documento que nada tem de ingênuo, de qualquer modo), isso não tem nada a ver com entrar ou sair de discussões – muito embora o que se espera de um político é que, no mínimo, saiba discutir política. Mas tem a ver com posicionar não só a máquina estatal como os contribuintes do Paraná sobre como estamos lidando com as diferentes crises que nos chegam.
O Paraná é respeitado à medida que defende princípios estabelecidos há séculos. Não se pode reinventar a roda, como se a roda fosse uma roleta de programa de auditório. No Paraná, levamos a sério direitos e deveres. No futuro, serão lembradas as soluções que agora são luz para um povo aflito.
*João Arruda foi deputado federal pelo Paraná.