No início da década de 1990, o grupo de rock Legião Urbana cantava a música Pais e Filhos. Numa estrofe, a letra diz: “São crianças como você, o que você vai ser quando você crescer”.
Nos anos 1990, ainda dava para se prever que tipo de profissões ainda seriam as escolhidas pelos jovens, hoje essa missão de adivinhação torna-se imprevisível. Dados do Fórum Econômico Mundial de 2018 mostram a alarmante estatística: “65% das crianças entrando no primário hoje estarão trabalhando em uma função completamente nova no futuro, que não existe atualmente”.
Pode parecer futurologia, isso equivaleria a saber que profissões iriam ser inventadas a partir do surgimento comercial do avião, mas não é. Aeromoças, mecânicos, vendedores de bilhetes, foram, dentre outras as novas profissões que surgiram. Ninguém pode prever com exatidão que essas novas profissões existiram, mas, o próprio sistema econômico se encarregou de implantá-las.
Esforço físico, atividades repetitivas e de controle humano, serão agora função de robôs, drones, inteligência artificial, internet das coisas, bigdata etc
O Fórum Econômico Mundial ouviu mais de 13 milhões de profissionais de nove grandes setores, em 15 mercados emergentes e desenvolvidos os quais responderam os questionários que geraram o relatório denominado The future of Jobs (“O futuro dos trabalhos”, em tradução livre).
Com futurologia ou não a constatação mais evidente é que o avanço tecnológico, àquele que está transformando a indústria e os serviços, está inserindo, cada vez mais, elementos de inovação que, paulatinamente, substituem funções mecânicas e de esforço nas diversas labores produtivas. Estima-se que a porcentagem de horas realizadas por humanos nos trabalhos, reduza significativamente para 48% em 2025, atualmente é de 71% (World Economic Fórum, 2018). Esforço físico, atividades repetitivas e de controle humano, serão agora função de robôs, drones, inteligência artificial, internet das coisas, bigdata etc.
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Seja qual for o desfecho de todo esse processo, nenhuma profissão passará incólume a esses impactos tecnológicos. Talvez falar em fim de profissões torne-se muito exagerado, mas, falar em necessidade de novas habilidades possa ser mais útil, principalmente para esses jovens que estão idealizando seus futuros, nesse momento de tantas incertezas.
As habilidades que se configuram importantes para encarar esses novos tempos são apontados pelo estudo do Fórum Econômico Mundial, a saber: pensamento analítico e inovação, aprendizado ativo e estratégias de aprendizagem, criatividade, originalidade e iniciativa, pensamento crítico e análise, solução de problemas complexos, liderança e influência social, inteligência emocional, raciocínio, problemas resolução e ideação, análise e avaliação de sistemas. Particularmente, acredito que tudo isso seja importante, mas, tendo em vista que a economia e a vida são cíclicas, pergunto, em que momento de grandes revoluções, acontecidas na história humana, ter esse tipo de habilidades, não seria importante?
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Pois bem, talvez o que tenhamos de novo acontecendo é a velocidade com que essas mudanças estão ocorrendo, porque inovação e disrupção, sempre foram a tônica dessas grandes revoluções. Finalmente, baseado no estudo do Fórum, temos duas notícias sobre o futuro do trabalho, uma ruim e uma boa. A ruim: até 2022, 75 milhões de postos de trabalho serão extintos. A boa: serão criados 130 milhões de novos postos de trabalhos.
Cabe a todos nós acompanhar essas mudanças e estarmos preparados para elas, como também cantava o Legião: “Existe algo que diz que a vida continua e se entregar é uma bobagem”.