“O que os socialistas usavam antes das velas?” “Eletricidade.”
Sim, a piada é velha. Mas não é tema para risada fácil. Pergunte aos venezuelanos.
O regime socialista do país nacionalizou o setor elétrico 12 anos atrás. Hoje, os apagões no outrora próspero país latino-americano viraram rotina. E não é apenas a eletricidade que está em falta. A gasolina é escassa neste país rico em petróleo – assim como a comida e medicamentos. Enquanto isso, o regime se especializa em reprimir protestos violentamente e em queimar ajuda humanitária que chega às suas fronteiras.
Depois de duas décadas de socialismo, a Venezuela se tornou um Estado falido. E isso não deveria surpreender ninguém, pois o socialismo é uma ideologia rígida que sempre termina em tirania.
O exemplo básico é a União Soviética. A mão de ferro de Lênin e Stálin levou à morte dentre 20 milhões a 25 milhões de pessoas. “Inimigos do Estado” eram executados por pelotões de fuzilamento, enviados a campos de trabalho forçado (os gulags), morriam em fomes forçadas que atingiam o país inteiro, eram cobaias em hospitais “psiquiátricos”, e sumariamente deportados de suas casas para as estepes mais distantes da Rússia.
O socialismo sempre promete progresso, mas leva inevitavelmente à escassez
Os irmãos Castro não foram menos totalitários. Quando chegaram ao poder em Cuba, prometeram liberdade e democracia. Seis décadas depois, os cubanos ainda esperam a primeira eleição livre.
O socialismo sempre promete progresso, mas leva inevitavelmente à escassez, à corrupção e à decadência.
Sob o comunismo, a Europa Oriental se tornou um monumento ao desperdício e à ineficiência burocrática. Em todo o bloco soviético, a expectativa de vida caiu drasticamente e a mortalidade infantil cresceu.
Após conseguir sua independência, a Índia trilhou o caminho socialista por 40 anos. Isso causou um ciclo sem fim de pobreza e deterioração econômica. Finalmente, os líderes indianos começaram a prestar mais a atenção em Adam Smith que em Karl Marx para guiar sua economia. Hoje, o país tem a classe média mais numerosa em todo o mundo livre. Mas o socialismo despreza a classe média; ele se preocupa apenas em conseguir e manter o poder da classe dirigente.
Vejamos a China. Focado na retórica revolucionária maoísta, o país foi um dos mais pobres do mundo nas três primeiras décadas de regime. Depois, Deng Xiaoping lançou o “socialismo com características chinesas”. Quarenta anos depois, a China tem a segunda maior economia do mundo, mas seus cidadãos continuam privados de direitos humanos básicos e de liberdades civis. O Partido Comunista não permite as liberdades de imprensa e de expressão, não organiza eleições plurais, impede a liberdade do Judiciário, liberdade para viajar, ou um parlamento representativo. Em vez disso, o presidente Xi Jinping estimula um culto à sua personalidade que rivaliza com aquele criado pelo Grande Timoneiro, Mao Tse-tung.
José Pio Martins: Cuba, Venezuela e exclusão social (publicado em 1.º de março de 2018)
Leia também: De Igreja do Cristo a ONG socialista (artigo de Pedro Henrique Alves, publicado em 10 de março de 2018)
O líder marxista Daniel Ortega, na Nicarágua, é outro exemplo da paixão por poder e controle que caracteriza o socialismo. Seu reino de terror, ainda que ignorado, já levou à morte de mais de 300 dissidentes nos últimos anos.
Todo esse horror é inevitável porque o socialismo é construído sobre um conceito fatal. Os socialistas modernos creem que o mundo ficou tão complicado, tão complexo, tão globalizado que os cidadãos comuns não conseguem administrar as coisas. Nós, e apenas nós, dizem os socialistas, temos a capacidade de liderar. Assim, por exemplo, é preciso nacionalizar a saúde, já que não dá para confiar no populacho quando se trata de tomar decisões inteligentes e bem informadas sobre a própria saúde.
Em vez de empoderar o homem comum, os socialistas acreditam em empoderar a burocracia. Na sua cabeça, os burocratas sempre tomam suas decisões baseados apenas na ciência e na razão desapaixonada – e garantem que suas decisões são implementadas de forma eficiente. É uma crença elitista, intelectualmente arrogante – e perigosa.
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Leia também: A intelectualidade é o refúgio do socialista (artigo de Milton Machado, publicado em 18 de agosto de 2018)
Como Ronald Reagan lembrou, em um velho discurso de campanha para Barry Goldwater, “ou aceitamos a responsabilidade sobre nosso destino, ou abandonamos a Revolução Americana e admitimos que um intelectual em um capitólio distante pode planejar nossas vidas melhor do que nós poderíamos planejá-las”. Em O caminho da servidão, o Prêmio Nobel Friedrich von Hayek descartou o sonho utópico do “socialismo democrático” como algo “irrealizável”. Por quê? Porque ele se baseia no conceito fatal de que um universo de burocratas pode coletar, analisar e dirigir as ações individuais de 300 milhões de americanos.
“A América jamais será uma nação socialista”, disse o presidente Donald Trump em seu retumbante discurso sobre o Estado da União, mês passado. Essa deveria ser a oração fervorosa de qualquer americano que preze pela liberdade e queira viver sua vida da maneira que desejar.
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