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Sabemos que os zoológicos desempenham diversos papéis: são excelente local de pesquisa da vida animal, um banco genético importante, local de lazer e educação. Os animais chegam a esses destinos pelo fato de, um dia, alguém tê-los tirado da natureza com algum propósito. Quando o animal não é apreendido, muitos donos desistem da adoção pelo excesso de trabalho e pela difícil domesticação de algumas espécies.

Para que a população possa entender o que é estresse e personalidade animal, vamos a um exemplo hipotético: uma pessoa mora em uma chácara com amplo espaço, longe do barulho, vida cheia de desafios para identificar, estranhos próximos. Da noite para o dia ela é rebaixada a morar em um local com 30 metros quadrados, com alimento na hora marcada, gente passando na frente e gritando o tempo todo, atirando pedras, restos de comida. O animal entra com facilidade em quadro de estresse crônico ou depressivo – semelhante aos humanos, mas em menor complexidade. Só que a terapia para animais é mais complexa, pois não há diálogo.

Mesmo que o animal seja dócil, sem histórico de surtos agressivos, podemos acreditar que em certo momento de desespero o animal pode atacar. O comportamento do animal é totalmente previsível, desde que não haja mudanças no que está ao seu redor. O fato de o menino invadir a área de segurança no Zoológico de Cascavel gera instabilidade e insegurança ao animal. Ali não é lugar nem para funcionários ficaram transitando. De repente, alguém entra e retira a previsibilidade do animal de maneira insistente. Ele tem duas opções: ir para o fundo do recinto e deitar-se, o que pode não adiantar nada, pois continuará visível ao agressor psíquico; ou partir para o ataque. Como estamos falando de um animal que nasce para atacar, fica fácil entender o que aconteceu. Provavelmente não seria diferente se alguém fizesse o mesmo em casa com um cão ou um gato – lembrando que ambos são predadores e têm por constituição genética e comportamental o perfil de ataque.

Sabemos que os zoológicos do Brasil passam por dificuldades, mas sabemos que há legislação e fiscalização para tal. A área de segurança é obrigatória e deve ser respeitada não só pela população, mas por todos os funcionários que não devem estar nesses locais. Existe território para funcionários, para os animais e para os visitantes. Espera-se que ninguém desobedeça esse acordo.

Também sabemos que os zoológicos no Brasil tentam desempenhar o lado da educação ambiental, mas eles não suprem a falta de educação dada nas escolas, e muito menos a mais primordial de todas: a educação que deveria ser repassada dos pais aos seus filhos. O caso do zoológico mostrou mais uma vez que não adianta colocar placas com aviso sobre os animais perigosos, para não oferecer alimentos aos animais, para não invadir território alheio. A maior vítima de todas está trancada em um recinto, sendo perturbada todos os dias por visitantes que, quando não gritam no seu ouvido, jogam restos de comida, invadem o espaço e querem desafiar um animal que não tem para onde fugir. Se os acordos de educação e território não forem respeitados, teremos péssimas notícias em breve, com novos casos.

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