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O Paraná tem dois dos roteiros ferroviários turísticos mais bonitos do mundo. Os passeios que cortam o estado de leste a oeste, porém, deixaram de operar plenamente há alguns anos: a famosa descida da Serra do Mar, que deveria chegar a Paranaguá, tem sido cumprida apenas até Morretes; e o Great Brazil Express, que conjuga trechos de trilhos e rodovias, entre Curitiba e Foz do Iguaçu, operou por apenas cinco anos, mesmo assim chamando a atenção de turistas europeus e norte-americanos.

Resgatar esses dois roteiros ferroviários na plenitude tem sido tema de debates na Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa como um dos eixos para o desenvolvimento do setor no Paraná. O turismo no nosso estado tem como característica a conjugação e o diálogo entre os diferentes tipos de atrações, oferecendo opções que vão de belezas históricas, naturais e construídas pelo homem, até cidades e atividades econômicas tidas como modelos para o futuro.

Tratar esses dois passeios ferroviários com a devida atenção deve fazer parte da agenda para o incentivo, apoio e desenvolvimento do turismo no Paraná. Em recente audiência pública em Paranaguá, um dos palestrantes – o empresário Adonai Arruda Filho, diretor da Serra Verde Express, que opera as duas linhas – relatou os entraves e os atos administrativos necessários para a volta completa dos dois passeios. Em suma, tudo depende da capacidade de articulação das dezenas de agentes envolvidos numa operação dessa natureza.

Os passeios que cortam o estado de leste a oeste deixaram de operar plenamente há alguns anos

O Great Brazil Express é um roteiro de atração de turistas internacionais. Considerado pela Lufthansa como um dos cinco roteiros ferroviários “imperdíveis” do turismo internacional, foi operado entre 2008 e 2012 com pompa e forte apelo nostálgico. Inspirado no luxo do lendário Orient Express, entre Paris e Istambul, tinha vagões decorados com temas e elementos tipicamente brasileiros. A viagem começava com visitações por via rodoviária a Vila Velha e o Cânion do Guartelá, nos Campos Gerais. Na histórica cidade de Castro, a 42 quilômetros de Ponta Grossa, começava o trecho ferroviário do pacote, que durava dois dias e uma noite, com pouso em Guarapuava. O fim do trecho em trilhos era em Cascavel. De lá, o roteiro seguia com traslado de ônibus até Foz do Iguaçu. A cidade-símbolo da tríplice fronteira, com as Cataratas e a Itaipu, é um dos principais chamarizes para os estrangeiros. Foz do Iguaçu também era o ponto de partida para os turistas que optavam por fazer o passeio no sentido inverso. A cidade, portanto, era duas vezes beneficiada.

Neste momento, temos mantido conversações com os diversos agentes públicos e privados dos quais depende a retomada da descida da Serra do Mar. O trecho entre Morretes e Paranaguá foi interrompido pela falta de manutenção de trilhos e da estação ferroviária. Chegou-se ao ponto em que a segurança dos turistas estava ameaçada. A recuperação da histórica estação ferroviária do Litoral faz parte da agenda da prefeitura de Paranaguá, enquanto o trecho ferroviário de 5 quilômetros que necessita de manutenção é de responsabilidade da ALL.

Somente a soma dos esforços destes e dos demais agentes envolvidos conseguirá reconduzir aos trilhos esses dois roteiros imperdíveis para qualquer cidadão do mundo.

Chico Brasileiro é deputado estadual e presidente da Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa.
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