Ou o eleitor faz opções conscientes ou ficaremos mais algum tempo sendo o país dos "tiriricas", cuja população será representada por quem nem ao menos sabe o que faz um deputado
As tarefas de casa nunca são as favoritas entre os estudantes. Entretanto, elas nos ensinam algo sobre a vida e sobre cidadania: nem sempre teremos alguém por perto que nos ajude a encontrar a resposta certa. O exercício bem feito depende única e exclusivamente da atenção, empenho, conteúdo e perspicácia do aluno. A missão dada aos cidadãos diante das urnas tem as mesmas características. Dentro de um vasto universo de propostas e candidatos devemos estar alerta para não cair em pegadinhas aquelas clássicas soluções que na hora parecem tão acertadas, mas que depois nos fazem passar vergonha. Para um voto mais consciente, louvável seria se utilizássemos um critério seguro na hora de encolher em quem votar: as propostas de cada pleiteante relativas à educação.
O Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), levantado pelo Ministério da Educação no ano passado, mostrou, em 2009, que a qualidade do ensino avançou 0,1 ponto na escala de 1 a 10, em relação aos índices de 2007. Os alunos do ensino médio alcançaram 3,6. Estudantes dos anos iniciais e dos finais tiveram média de 4,6 e 4. São números que superaram as expectativas do próprio ministério, mas que não chegam nem perto do desempenho alcançado por estudantes de países desenvolvidos. Claro que o governo acha maravilhoso esse avanço e nós também não podemos desprezar resultados positivos num país de grandes dificuldades como o nosso. Na época em que foram divulgados esses números, o ministro Fernando Haddad exaltou o governo dizendo que, até o ano de 2001, o país vivia um período de recessão da educação e que, depois disso, deslanchou. Aí havia um exagero típico de ano pré-eleitoral. Mas, agora, bem a propósito, chegou o momento de garantirmos que o governo abandone o histórico hábito de investir pouco na instrução dos brasileiros. Ou o eleitor faz opções conscientes ou ficaremos mais algum tempo sendo o país dos "tiriricas", cuja população será representada por quem nem ao menos sabe o que faz um deputado.
Falando em Tiririca, outra pesquisa, do Ibope, feita no fim do ano passado, mostrou que 32% das pessoas que cursam o ensino superior ou que já terminaram, não são totalmente alfabetizadas e têm graves problemas para lidar com as atividades para as quais deveriam ter sido preparadas. Segundo essa sondagem, são indivíduos capazes de ler e entender textos não muito extensos ou complexos, além de não irem além das quatro operações matemáticas em contas simples. Daí se pressupõe que apenas esperança e otimismo com o andamento do Ideb não levarão o país muito longe. O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) defende que o Brasil aplique 8% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação. Contudo o país aplica pouco mais da metade, 4,7%, algo em torno de R$ 140 bilhões. Na Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada em abril, foi proposta uma ampliação do investimento na educação pública da ordem de 10%, sendo que, até o ano que vem, já se atinja 7%. Uma meta ambiciosa e saudável, que teve no seu bojo a participação de 3,5 milhões de brasileiros, ou seja, 2% da população do país. Mas o documento final do Conae também pressupõe que, para tal avanço, haja uma reforma na política fiscal e tributária. Aí dependeremos, outra vez, dos nossos ilustres representantes que estão sendo eleitos agora para as altas esferas do poder.
Com tantos números, informações e personagens envolvidos, a tarefa de casa atribuída a nós por meio destas eleições parece mais difícil ainda. Porém ela deve ser executada meticulosamente. Caso contrário os índices da educação e outros números da estatística brasileira refletirão como notas vermelhas, com uma penosa recuperação de quatro ou oito anos. Por isso façamos o nosso melhor no dia 3 de outubro. O voto é dever que demanda muito zelo e o seu resultado é fundamental para uma população mais escolarizada, desenvolvida e feliz.
Rodrigo dos Santos Wa Yn Chin, 18 anos, é estudante de Engenharia Civil da UFPR, patrocinado pela empresa TBG no Instituto Bom Aluno do Brasil, que auxilia alunos de baixa renda oriundos de escolas públicas. Graças à TBG e ao Bom Aluno, descobriu-se que Rodrigo é um estudante superdotado.
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