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A atuação dos irmãos Batista, inédita na proporção e no terremoto causado na política e na economia, consolidou um cenário que já se estabelecia desde as primeiras decisões de Sérgio Moro: depois da necessária reforma na área política, a sociedade brasileira dirige seu olhar para a classe empresarial e passa, daqui para a frente, a cobrar um procedimento ético e moral que pautará decisões de quem cria empregos e responde pela economia.

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E essa, acreditem, é uma boa notícia para a absoluta maioria dos empresários brasileiros. Os mesmos empresários – pequenos, médios e grandes – que pagam seus impostos, sofrem as consequências dos juros altos, da inflação, de uma legislação trabalhista arcaica e de uma crise econômica sem precedentes, e não contam com as benesses concedidas aos poucos escolhidos pela esfera mais alta do poder em Brasília.

Os empresários brasileiros terão muito a ganhar com uma democracia real

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O importante agora é separar as ações nefastas dos dois maiores conglomerados brasileiros, Odebrecht e JBS, em sua crescente e inesgotável captação de recursos, daqueles que se dedicam a crescer e criar empregos dentro das regras do jogo e da concorrência do mercado.

Desde a semana passada, quando se delineou a forma de agir dos campeões mundiais da produção de proteína, e, se formos mais além, da maior empreiteira do país, tenho imaginado como estaria a economia brasileira se essas montanhas de empréstimos e facilidade para obtenção do dinheiro público fossem distribuídos de forma equânime para toda a nossa cadeia de produção. Quantos empregos teriamos gerado, quão sólida estaria nossa economia e quanto bem-estar poderia ter sido distribuído para nossa população. Nunca é demais lembrar que o maior contingente de empregos no Brasíl é criado pelas pequenas e médias empresas.

Leia também:  O império político da JBS (coluna de Bruno Garschagen, publicada em 22 de maio de 2017)

Por tudo isso, temos a maior chance das últimas gerações para estabelecer um parâmetro mais honesto e transparente nas relações republicanas, principalmente no núcleo mais alto dos poderes, tanto político como econômico. Doações de recursos das grandes empresas para os candidatos preferenciais nas campanhas serão dentro da lei e nada mais. Críticas e reclamações sobre ministros e órgãos da administração pública serão feitas pelas nossas entidades de classe, sempre em conjunto, em horário e ambiente normal de trabalho. Empréstimos e financiamentos para obras públicas de qualquer porte obedecerão a critérios técnicos apenas. Ou seja, praticar o que está posto e consolidado na nossa Constituição.

Os empresários brasileiros, tal como toda a sociedade, terão muito a ganhar com uma democracia real, na qual todos contam com as mesmas oportunidades e em que o mérito seja o diferencial permanente. Diante dessa perspectiva, a instabilidade atual é apenas um rito de passagem, necessário ao amadurecimento institucional, político e econômico dos brasileiros.

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Marcos Domakoski, empresário e ex-presidente da Associação Comercial do Paraná, é presidente do Movimento Pro Paraná.