Contar histórias é uma arte milenar. Nós somos feitos de histórias. Ao contá-las, transmitimos valores, rotas internas no inconsciente do ouvinte que ampliam a visão de mundo. As histórias nutrem de possibilidades as decisões da vida, estabelecendo uma relação entre os seres humanos e deles com a natureza, ativando o universo imaginário com o uso da linguagem simbólica e da fantasia. Ajudam a lidar com o medo e seus derivados, que são nossas emoções negativas, e a potencializar o amor.

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Mesmo com as tecnologias existentes para entretenimento, como computadores, vídeos e cinema, é necessário trabalhar o contar histórias como um ato natural, lúdico e de interação entre o contador e o ouvinte. É a mais antiga e ao mesmo tempo a mais moderna forma de comunicação.

Estamos carentes de contato olho no olho, e precisamos de vez em quando que nos contem histórias pessoalmente. Não consigo imaginar a humanidade do futuro sem a oportunidade do sentir, e isso a tecnologia não consegue clonar. Por mais que nos emocionemos ao assistir a um vídeo ou ler uma mensagem, se não tivermos os recursos emocionais internos estabelecidos não captaremos a essência do conteúdo dessa mensagem. Seremos frios e práticos.

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Os pais e parentes mais próximos são os primeiros contadores de histórias com os quais temos contato, estejam eles conscientes disso ou não

Recentemente uma pesquisa concluiu que crianças amamentadas têm maior chance de serem bem sucedidas e felizes. Por quê? Claro que as propriedades nutritivas e insubstituíveis do leite materno contribuem, mas muito além disso está o toque da mãe, o aconchego no colo, o contato da pele, os sentidos aguçados pela voz dos pais e mães. Mesmo para aqueles que precisem fazer uso da mamadeira. Para o bebê, isso traduz sua própria história e reforça seus sentidos. Os pais e parentes mais próximos são os primeiros contadores de histórias com os quais temos contato, estejam eles conscientes disso ou não.

Seja com o uso de histórias da literatura ou as histórias encantadoras criadas pelo imaginário do contador, o ato de contar histórias não pode ser utilizado apenas como um pretexto para o ensino da escrita ou para o incentivo à formação do hábito de ler. Isso será consequência, pois lendo o indivíduo passará a contar histórias para si mesmo.

Hoje é um dia dedicado a reconhecer o papel desse grande mestre, que quer esteja em um palco, produzindo uma matéria, diante de uma sala de aula, embalando uma criança enquanto amamenta, produzindo campanhas de marketing ou o roteiro de um filme, tem diante de si uma plateia, e a responsabilidade de inspirar direta ou indiretamente essas pessoas. Que seja uma inspiração positiva, transformadora e que contribua para o melhor entre todas as relações. Parabéns a todos os contadores de histórias!

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Roseli Bassi é fundadora do Instituto História Viva, que desde 2005 trabalha para transformar ambientes de dor e sofrimento por meio da literatura oralizada.