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Concluir os estudos para ocupar uma vaga no mercado de trabalho é um sonho de boa parte dos brasileiros. Este caminho é, na maioria das vezes, obtido por meio da formação de uma graduação de ensino superior. Porém, existem outras formas, ainda pouco disseminadas, para atingir este objetivo, como os cursos técnicos e tecnólogos, de menor duração e com foco específico e prático. Os cursos técnicos ocupam atualmente posição de destaque no contexto profissional. O 1,5 milhão de vagas gratuitas ofertadas pelo governo federal por meio do Pronatec entre 2011 e 2014 ajudou na disseminação desse modelo profissional.

O investimento no ensino técnico não é uma invenção brasileira. Já foi testado – e aprovado – por grandes potências mundiais. Apesar de vermos na última década um crescimento de 71% no número de alunos que frequentam escolas técnicas, somente 9% dos jovens entre 15 e 19 anos optam por esse modelo de formação. Muito pouco, ao compararmos com Alemanha (53%), Estados Unidos (60%), Coreia do Sul (65%) ou até mesmo nossa vizinha Argentina (34%), segundo dados de 2014 da OCDE.

Qualquer país que queira se tornar uma nação industrial desenvolvida e exportadora precisa estimular as escolas técnicas

Em visita que fiz à Coreia do Sul, em 2009, pude observar como o modelo educacional com valorização do ensino técnico pode fazer a diferença para uma nação. A Coreia do Sul começou a reconstruir sua economia somente na década de 60, após três anos em guerra civil (1950 a 1953). Com o país destruído, a aposta foi em uma boa matriz educacional. Dentre as medidas tomadas na época (e que valem até hoje) estava a formação de jovens por meio de inúmeros colégios técnicos espalhados pelo país. Para ingressar nos melhores colégios técnicos do país, jovens chegam a estudar 12 horas por dia. O resultado desta e de outras políticas de educação podem ser observados nos indicadores econômicos do país. A renda per capita do coreano, que era um terço da renda do brasileiro na década de 60, é hoje três vezes maior.

Diversos segmentos da indústria brasileira precisam preencher lacunas particulares, que poderiam ser ocupadas por técnicos. Dentro de uma organização precisa-se de engenheiros coordenando vários técnicos, técnicos coordenando auxiliares e assim por diante. Cada qual tem responsabilidades e conhecimentos específicos, fazendo com que ocupem papéis diferentes e únicos em suas corporações. A demanda por mão de obra habilitada é resultado do progresso tecnológico observado nos últimos anos. Novos processos, máquinas e equipamentos passaram a demandar profissionais focados em determinado conhecimento.

Qualquer país que queira se tornar uma nação industrial desenvolvida e exportadora precisa estimular as escolas técnicas, atendendo ao chamado por companhias modernas. A formação técnica precisa ser compreendida por todos os atores envolvidos neste processo como parte fundamental para o desenvolvimento da indústria nacional. As diretrizes educacionais possuem seus determinantes políticos, mas precisamos extrapolar esta barreira. Empresários precisam entender como melhor usufruir dos profissionais técnicos, valorizando sua contribuição. Por sua vez, jovens passarão a procurar o ensino técnico por enxergar seus benefícios profissionais, criando assim um círculo virtuoso e necessário de desenvolvimento para o país.

Diogo Richartz Benke
é diretor corporativo de Cursos Técnicos do Grupo Marista e Diretor Geral do Tecpuc
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