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Artigo

O mate e o agronegócio

 | Josué Teixeira
(Foto: Josué Teixeira)

Depois da exploração do ouro no Litoral e na região de Curitiba, nos anos 1600, o Paraná baseou sua economia na criação de gado e no tropeirismo. A situação durou até as primeiras décadas do século 19, quando começou a industrialização da erva-mate, que fomentou o primeiro grande ciclo econômico do estado, antecedendo os áureos tempos da madeira e do café.

A erva-mate paranaense ganhou o mercado do extremo sul latino-americano, graças aos pioneiros que instalaram seus engenhos em Curitiba e no Litoral, possibilitando o beneficiamento do mate colhido serra acima. O resultado econômico e social foi expressivo, gerando capital para potencializar obras viárias importantes, como a transformação do Caminho da Graciosa em estrada para “carros”, como eram chamados as carroças e diligências da época; a implantação da navegação no Rio Iguaçu e afluentes; a construção da ferrovia Paranaguá-Curitiba; e a primeira ferrovia do extremo Oeste do estado, em guaíra.

Os engenhos de mate foram o caminho para o trabalho assalariado

No aspecto social, os engenhos de mate foram o caminho para o trabalho assalariado, e também ajudaram a formatar a cultura paranaense do fim do século 19 e início do século 20. Uma ópera chegou a ser composta em Curitiba, e os primeiros carros movidos a motor de explosão que circularam pelas ruas de Curitiba eram de famílias de ervateiros.

Com este enfoque histórico e preocupado com avanços para o agronegócio, apoiamos o Seminário Internacional Erva-Mate XXI, que se realiza em Curitiba, com apoio dos órgãos federal (Embrapa) e estadual (Emater). A iniciativa apresentará os estudos científicos que inovam a forma de cultivo e a diversificação no uso da planta para o agronegócio ervateiro. O seminário chega em um momento crucial para a economia e pode beneficiar extensa região do chamado Paraná Tradicional, com um novo planejamento das estratégias de cultivo, beneficiamento e comercialização.

A erva-mate, além de ser um produto natural de extensa região paranaense, pode ser consumida de várias formas e ter variadas aplicações industriais, com a vantagem de ser produzida em uma estratégica região do território paranaense. O Paraná está a meia distância dos maiores centros consumidores do chamado Cone Sul, o que justifica logisticamente a busca da expansão potencial do consumo, seja no mercado interno ou externo.

O agronegócio paranaense tem uma grande e diversificada produção, principalmente em regiões mais distantes da capital, e a repotencialização da cultura ervateira trará mais riquezas para as regiões sul e meio-oeste, uniformizando a distribuição de emprego e renda, gerados pela atividade que envolve produção e industrialização.

Historicamente, nós, paranaenses, ganhamos projeção com a bebida, que ultrapassou o consumo nas cuias de chimarrão nas casas, através de embalagens que marcaram a vida paranaense, para ser consumida também em larga escala em todo o país, ao lado dos refrigerantes de origem estrangeira.

Dar novo impulso econômico para o produto é mais que uma nova vertente econômica para o estado. É renovar a história com uma bebida a quem o Paraná de hoje deve muito. Temos tradição ervateira e estamos no epicentro dos mercados consumidores. Só é preciso usar a tecnologia do momento e trabalhar com a visão de nossos antepassados.

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