| Foto: Luis Robayo/AFP

Pesquisa recém-divulgada pelo Instituto Gallup, dos EUA, indica que 750 milhões de pessoas sonham em morar em um país diferente. Um em cada seis adultos do planeta sonha em imigrar. Um relatório da ONU estima que existam 250 milhões de expatriados no mundo, entre legalizados e ilegais. Os EUA são o destino mais desejado, 158 milhões de pessoas gostariam de viver na América, pelas estimativas do instituto Gallup. O Canadá vem em segundo lugar, com 47 milhões.

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Outros números mostram que mesmo nos EUA e no Canadá a quantidade de pessoas com vontade de sair tem aumentado. No início da década, 10% dos americanos e canadenses registraram sua intenção de imigrar para outro lugar. Hoje são 14%, sempre levando em conta apenas a população adulta. Nota: a economia dos dois países está bem melhor hoje do que estava nos idos de 2010.

No Brasil, dados da Receita Federal mostram que o número de brasileiros que registram sua saída definitiva do país na última declaração do imposto de renda, no início de 2018, foi de 21,2 mil. Em 2013, foram 9,8 mil. De acordo com o Itamaraty, hoje 3 milhões de brasileiros vivem em outros países. Quase metade desse total, 1,4 milhão, estão nos Estados Unidos. Na sequência do ranking aparecem Paraguai (com 332 mil brasileiros), Japão (170 mil), Inglaterra (120 mil) e Portugal (116 mil).

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O Brasil tem sido um grande exportador de talentos aos EUA

Uma pesquisa divulgada pelo Datafolha em junho de 2018, confirma a tendência imigratória no Brasil, 43% da população brasileira adulta gostaria de tentar a vida no exterior. Considerando apenas os que têm curso superior, a cifra salta para 56%. Entre os jovens de 16 a 24 anos, o número é de 62%.

Esses números nos dão conta de que há, atualmente, uma grande tendência imigratória global que já exige dos governos uma estratégia política voltada para a questão, longe dos esteriótipos atribuído a pessoas refugiadas e imigrantes. Há um novo perfil de pessoas imigrando, muitas levando seus talentos profissionais a outros países, o que, no caso do Brasil, pode representar uma significativa perda de força jovem de trabalho nos próximos anos.

Enquanto há mais pessoas querendo sair, países como os EUA abrem as portas para imigração legal com a concessão do sonhado green card (residência permanente) por habilidades e talentos profissionais. Dados do Departament of Homeland Security americano mostram que em 2017 o percentual de novos residentes permanentes com respaldo em carreiras profissionais ou emprego foi registrado em 12.2%. O número de brasileiros que ganharam residência permanente também aumentou entre 2015 e 2017. Em 2015, 11.424 brasileiros obtiveram o green card nos EUA, enquanto em 2017 foram 14.989.

Leia também: Os EUA precisam de mais imigrantes, não menos (artigo de Shikha Dalmia, publicado em 20 de janeiro de 2019)

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Leia também: Por que qualquer um de nós poderá ser migrante (artigo de Laila Lalami, publicado em 24 de março de 2019)

Os vistos de imigrantes embasados em habilidades extraordinárias concedem a estrangeiros a possibilidade de trabalhar e morar legalmente nos EUA. O Brasil tem sido um grande exportador de talentos aos EUA nas mais diversas áreas do conhecimento como tecnologia, ciência, artes, arquitetura, engenharia, entre outras. Profissionais que farão falta no mercado brasileiro. Um cenário que já exige, não apenas do governo brasileiro, uma política coerente para não apenas reter essa força de trabalho mas para atrair talentos profissionais de outros países do mundo.

Rodrigo Lins é jornalista e escritor, CEO da Onevox Creative Solutions, mestre em Comunicação, e autor do livro “Internacionalize-se com parâmetros para trabalhar legalmente nos EUA”.