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Operação Lava Jato: provas da corrupção estão aí e só não vê quem não quer

Manifestação pró-Lava Jato, ocorrida no Rio de Janeiro, em 2017. (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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A corrupção é o ato de se utilizar de uma posição de poder em benefício próprio ou de terceiros, sendo realizado de forma ilegal e, geralmente, envolvendo o poder público e a política. Ela é um problema que existe em todas as nações, ou seja, a corrupção é uma questão de grau e não de existência, como quase tudo na vida.

A corrupção está associada ao egoísmo e à ganância das pessoas tanto em termos de acumulação de bens quanto de poder. Sendo uma característica do ser humano, ela ocorre em todas as sociedades. No entanto, o seu grau é distinto, com alguns países apresentando problemas de forma mais isolada, ou seja, em determinados contextos, enquanto em outros, a corrupção se encontra impregnada em diversas atividades.

Erros internos da operação serviram para manipular a opinião pública e acabar com a Operação Lava Jato, e dessa forma, com o sonho de idealistas em ver a redução da corrupção em nosso país.

A pergunta relevante seria então: quais as razões que levam às divergências em relação ao grau de corrupção entre os países e regiões? Os economistas enfatizam que os agentes (pessoas físicas e jurídicas) reagem a incentivos. Então, quanto maiores forem os retornos e menores os custos de tais atividades, mais disseminada será a corrupção. Dessa forma, elementos culturais são cruciais para a incidência da corrupção.

Aprender que roubar é errado desde os primeiros anos e viver em um contexto que seja coerente com esse tipo de ensinamento influencia sobremaneira as ações das pessoas. As pessoas possuem as restrições internas e sociais, além de tenderem a seguir o que outras pessoas fazem. Tão ou mais importante, são as regras e sua validade, ou seja, o conjunto de leis que regem as atividades e ações dos servidores públicos e dos políticos de um determinado país, a probabilidade de que sejam pegos e condenados caso ocorram transgressões dessas leis e a severidade da punição.

Com o instrumento da delação premiada, entre outras leis de combate à corrupção, a prisão do doleiro Alberto Youssef deu início à maior investigação de corrupção realizada no Brasil e talvez no mundo. Com as delações de outras pessoas importantes, tivemos uma percepção do grau de disseminação da corrupção no país envolvendo políticos nos mais diversos cargos, empresários e outras pessoas poderosas.

Essa foi a grande chance de redução dessa chaga que assola nosso país desde os seus primórdios. No entanto, conforme o seu alcance aumentava, uma força contrária foi ficando cada vez mais evidente, pois as consequências chegavam, cada vez mais, aos ricos e poderosos envolvidos em atividades ilícitas, o que está longe de ser uma parcela negligenciável de nossa elite econômica e política.

Erros internos da operação serviram para manipular a opinião pública e acabar com a Operação Lava Jato, e dessa forma, com o sonho de idealistas em ver a redução da corrupção em nosso país, problema que tanto mal faz à nossa sociedade e economia. De qualquer forma, as provas estão aí e só não vê quem não quer.

E não se iluda, tudo continua ocorrendo da mesma forma ou ainda pior. Os ratos não são pegos somente porque as ratoeiras foram quase que todas destruídas.

Luciano Nakabashi é doutor em Economia e professor associado da FEARP/USP.

Conteúdo editado por: Jocelaine Santos

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