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 | Felipe Rosa/Arquivo Gazeta do Povo
| Foto: Felipe Rosa/Arquivo Gazeta do Povo

É imprescindível, objetivando a orientação vocacional, que façamos uma explicação sobre o termo “vocação”. A palavra vem do latim vocatio, vocationis: ato ou efeito de chamar. Mas, na realidade, o termo é de origem teológica e significa o chamamento ou escolha feita por Deus, destinando assim o ser humano a uma função ou estado determinado. Daí o conceito: ação para a qual a Providência escolhe, elege ou predestina a criatura para um determinado fim. Contudo, o termo ganhou novas concepções e, atualmente, designa-se por vocação o conjunto de características de um indivíduo, que o torna mais apto que outro para determinado mister ou ofício.

Logo, o conceito envolve a capacidade ou aptidão natural equivalente à vocação e significa tendência, talento, índole, propensão, inclinação ou predisposição natural do espírito, do indivíduo a determinada atividade; e aptidão adquirida, que advém do cultivo da vontade, do caráter, dos hábitos, dos princípios de moralidade ou religiosos.

Por conseguinte, para a eficiência na orientação vocacional, deve-se incluir observações e reflexões concernentes ao caráter, temperamento, aptidão natural, personalidade, percepção, inteligência e memória, pois na vida cotidiana caracterizamos o homem pelas suas qualidades e faltas, pelo seu caráter, pela sua atividade intelectual e mnemônica, pelo seu espírito de observação, pelo grau de percepção visual, auditiva, habilidades manuais e reação afetiva, pelo gosto por coisas belas, pela capacidade na matemática, enfim, segundo um número infinito de caracteres.

Toda aptidão se desenvolve com base nas características psicofísicas que todos têm de nascença

O biólogo e psicólogo Jean Piaget afirmava: “aptidão é aquilo que diferencia dois indivíduos que têm o mesmo nível mental em seu rendimento”. É fascinante quando constatamos a aptidão de uma criança revelar-se mediante o sentimento despertado por uma atividade particular.

Para compreendermos o valor de uma aptidão, é necessário encará-la do ponto de vista do seu aproveitamento, considerada como capacidade. As capacidades são as propriedades, fases, maneiras de ser da ação humana, comumente estudadas pelo psicólogo para avaliá-las na produção de um resultado, objetivando formular um julgamento sobre a capacidade vocacional do indivíduo.

Aptidões são fatos psicológicos característicos que demonstram, mediante a fisionomia particular do comportamento e o diferente rendimento, as maneiras de reagir dos diversos indivíduos. São formações complexas que implicam na presença de qualidades ou de vários caracteres psicológicos que se desenvolvem e se potencializam conforme as circunstâncias de ambiente e dos dinamismos psíquicos: interesses, carga afetiva, vontade. Toda aptidão se desenvolve com base nas características psicofísicas que todos têm de nascença: disposição física, força muscular, rapidez de reagir, inteligência.

Assim como os instintos, as tendências vocacionais podem desabrochar e estabilizar-se quando são reconhecidas, respeitadas e cultivadas no momento oportuno; e, ao contrário, tornam-se estéreis quando se opõem graves obstáculos ao seu exercício.

A avaliação da personalidade do indivíduo é importante neste particular e tem por base o estudo das interferências verificáveis no campo das aptidões devidas à educação, ao exercício, ao ambiente e a todas as influências que produzem efeito sobre o caráter do indivíduo e sobre a sua maneira de adaptar-se à vida.

Há, de fato, aptidões que se apresentam precocemente como, por exemplo, para música, desenho, matemática; enquanto outras amadurecem apenas quando cultivadas adequadamente. Para se chegar a desenvolver a predisposição para uma determinada habilidade ou profissão, usamos estímulos à atenção, às habilidades manuais, espírito de observação e de análise.

Tecnicamente, os problemas da vocação estão divididos em duas categorias: a orientação profissional, que visa encaminhar o indivíduo para a profissão certa; e a seleção profissional, que seleciona o melhor dentre um grupo de indivíduos que visam exercer determinada atividade. Pela orientação vocacional elimina-se o problema socioeconômico, pelo qual o indivíduo exerce misteres que não condizem com a sua real capacidade. Atualmente, tanto no setor educacional como no industrial, comercial, científico, artístico etc., já é possível encaminhar o indivíduo para uma profissão de acordo com a sua tendência natural. A inclinação, o interesse e a disposição natural que um jovem apresenta para determinados estudos constituem, sem dúvida, um fator de sucesso para o exercício da profissão a escolher.

Deusdith Laval Malucelli é formada em Pedagogia pela UFPR e concursada em Psicologia.
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