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Quatro são os degraus do conhecimento que julgo indispensáveis ao profissional da educação, aos gerentes, executivos e líderes em geral. O trabalho do educador e do líder é essencialmente voltado ao desenvolvimento de pessoas, na escola, nas empresas e nas organizações de qualquer natureza. Assim, sem prejuízo de outras competências e habilidades, há pelo menos quatro degraus do conhecimento requeridos para o êxito.

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O primeiro é domínio das técnicas. Por exemplo, um professor de Finanças ou um executivo financeiro precisa obviamente ter domínio das técnicas financeiras. Essa qualidade é o mínimo exigido de qualquer técnico que lida com operações financeiras que, como é sabido, tem lá suas complexidades e peculiaridades. Como o dinheiro perpassa a vida das pessoas, das famílias, das empresas, dos governos e das instituições em geral, a todos se impõe algum domínio de técnicas de manejar dinheiro e suas operações.

O segundo degrau é base conceitual. “Conceito” significa a representação mental de um objeto abstrato ou concreto para identificar, descrever e classificar os diferentes elementos e aspectos da realidade do objeto. Aquele que ensina ou lidera equipes deve, para poder orientar e supervisionar trabalhos, conhecer os conceitos dos assuntos pertinentes. Sem isso, os liderados não aprendem mais que as operações mecânicas de suas tarefas e de sua profissão, sem entender o aspecto conceitual da coisa.

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Teoria é um enunciado que explica o funcionamento de um objeto, uma ação ou um fato real

O terceiro degrau é fundamentação teórica. A palavra “teoria” é de difícil definição. Mas, simplificadamente, podemos dizer que teoria é um enunciado que explica o funcionamento de um objeto, uma ação ou um fato real qualquer, a partir de determinadas propriedades físicas, psíquicas, sociais ou metafísicas. O professor ou o líder com sólida formação teórica sabe explicar como algo funciona e por que funciona daquela forma, sendo capaz de demonstrar as teorias que dão respaldo ao que afirma.

O quarto degrau do conhecimento é cultura mundial sobre o tema. O profissional de uma área que tenha responsabilidade de ministrar aulas ou liderar equipes terá mais chance de sucesso se estiver bem informado sobre o que acontece com os objetos, fatos e movimentos vinculados a seu campo de atuação. Em um mundo instável, complexo e conectado, no qual a tecnologia avança sem parar e de forma acelerada, a detenção de cultura mundial sobre os assuntos de sua profissão é valiosa e necessária.

Um aluno ou um técnico em trabalho percorre quatro passos quanto às informações de seu ofício: obter, selecionar, analisar, concluir. Quanto ao primeiro passo – obter informação e dados –, a era da internet e da telefonia móvel colocou tudo disponível para qualquer um em qualquer lugar. Um professor já não é tão importante para a tarefa de fornecer informação e dados, pois sua plateia tem tudo disponível em tempo real, na palma da mão, em um simples telefone celular.

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O passo dois é selecionar as informações e os dados, tarefa bastante trabalhosa justamente pela abundância. Na prática, o excesso de informação acabou criando um problema em si e impõe a necessidade de distinguir entre falso e verdadeiro, e entre o relevante e o descartável. A capacidade de selecionar, por sua vez, exige determinado nível de conhecimento para fazer distinções corretas. Nesse ponto, a orientação dada pelo professor ou pelo líder torna-se relevante.

O passo três é analisar a informação selecionada, tarefa que requer conhecimento das técnicas, dos conceitos e das teorias a respeito do objeto em questão. A análise, o diagnóstico e a compreensão sobre o objeto exigem conhecimento sedimentado em base conceitual e fundamentação teórica relacionadas ao objeto examinado.

E o quarto passo – tirar conclusões válidas e inteligentes – é determinado pelo nível de domínio dos quatro degraus do conhecimento, e sem isso o ato de concluir é um passeio ao acaso tanto menos válido quanto mais complexo for o problema em análise.

José Pio Martins, economista, é reitor da Universidade Positivo.