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Felipe Lima

Curitiba já foi reconhecida internacionalmente por suas campanhas de conscientização, como o Lixo que não é lixo e a Família Folha. Mas hoje vive o contrário do que defendia anteriormente e, em 2016, por exemplo, o orgulho do município em reciclar o lixo desapareceu. De acordo com dados de um relatório técnico produzido na Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) para avaliar o desempenho da cidade em relação à Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), foi constatado que a cidade destina apenas 5,7% dos resíduos coletados para reciclagem.

Além disso, de acordo com dados de 2016 de um estudo do Instituto Ambiental do Paraná (IAP) sobre a água dos parques da cidade, de dez locais pesquisados, nove estão na condição de “criticamente degradados” ou “poluídos”. Em alguns dos pontos analisados, os dados mostraram que nos últimos 13 a 15 anos não houve qualquer melhora na qualidade da água dos parques.

Os rios são um dos pontos que mais sofreram na antiga Capital Ecológica

Os rios são fonte de um dos recursos naturais mais importantes para os seres vivos: a água. Além disso, têm grande importância cultural, social, econômica e histórica. Mesmo assim, eles são um dos pontos que mais sofreram na antiga Capital Ecológica. De acordo com dados de 2014 da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar), 90,5% dos imóveis em Curitiba são atendidos com rede de esgoto, mas o Plano Municipal de Saneamento estima que apenas 65% das matrículas onde há rede estão interligadas corretamente ao sistema. Ou seja, 35% das residências atendidas despejam seus dejetos diretamente nos rios, ou em galerias irregulares, e ficam sem tratamento. Isso sem contar outras residências, também irregulares, às margens dos rios e que se utilizam de ligações clandestinas para conseguir água, descarregando todos os dejetos sem qualquer tratamento. Estes, por ironia, são os mesmos que abastecem toda a cidade.

O Rio Belém não é diferente – 100% curitibano, ele nasce e termina na cidade. Tem 21 quilômetros de extensão, passando por dezenas de bairros de Curitiba. Apesar da sua importância, ele já é poluído próximo à sua nascente e deságua ainda pior, nas cavas do Rio Iguaçu, no Boqueirão. É afetado principalmente pelo lançamento clandestino de esgoto.

É fundamental que a nova gestão municipal estabeleça um plano real para despoluição de melhora do meio ambiente em Curitiba para que possamos nos orgulhar novamente da cidade onde moramos. Ações socioeducativas, participação popular, campanhas de incentivo à reciclagem e inclusão de importantes agentes, como os catadores de papel, são alguns dos pontos que devem ser abordados e enfatizados.

A poluição da cidade tende a piorar à medida que o inchaço urbano se acentua e aumenta a carga de agentes poluentes lançados na atmosfera, nos rios e no meio ambiente. As periferias das grandes cidades estão superpovoadas e as políticas públicas de saúde, educação, segurança pública, moradia e transporte não acompanharam este crescimento, piorando as questões ambientais.

A consciência ambiental de hoje é resultado das ações educativas de 15 anos atrás e que são perpetuadas pelos adultos que aprenderam com elas. A palavra mais importante nessa situação é participação. As escolas e a sociedade em geral são importantes nessa transformação e valorizam os jovens construindo caminhos de cidadania que se perpetuam por um longo período.

Silmara Aibes, socióloga, é supervisora do Núcleo Ciências da Sociedade do TecPUC.
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