| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

O IBGE divulgou uma informação gravíssima sobre os jovens paranaenses em idade escolar. Em 2018, o estado registrou 14,8% de adolescentes entre 15 e 17 anos fora da escola, a quarta pior colocação do Brasil, com resultado logo atrás do Maranhão (14,3%), do Amapá (12,9%) e da Paraíba (12,5%). Na outra ponta da estatística, Santa Catarina está somente com metade do nosso índice de jovens fora da escola.

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O que explica o índice de abandono escolar tão alto do Paraná?

A Secretaria Estadual da Educação e do Esporte (Seed) se debruçou sobre os microdados do Paraná, de outros estados e dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD) para identificar as possíveis razões e buscar soluções para reverter esse quadro. Se atingimos a triste marca de 14,8% de jovens entre 15 e 17 anos fora da escola, é porque os jovens estão desistindo da escola. Por quê?

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Nessa análise, vimos que o ensino médio da rede estadual de ensino do Paraná apresenta uma grande distorção entre as duas modalidades ofertadas: o ensino médio diurno e o noturno. Segundo dados do Censo Escolar de 2018, os alunos do diurno possuem uma taxa de abandono de 3,6%. Já no período noturno, esse índice chega a 17,7%.

Isso significa que, no Paraná, o aluno que ingressa no ensino médio noturno tem 381% mais chance de abandonar a escola do que um aluno que frequentou o período diurno.

Garantir que todos os estudantes tenham uma boa trajetória escolar e que não abandonem a escola é dever e missão do Estado

Há muitas explicações para esse abismo entre os dois períodos; a maioria delas aponta a pior qualidade e menor quantidade de horas de sono como o fator mais prejudicial ao rendimento escolar, conforme pesquisa publicada pela Brazilian Sleep Society e Latin American Federation of Sleep Societies. Há outras variáveis igualmente significativas, como a sobrecarga de trabalho juvenil e o aumento da insegurança no período da noite, que também contribuem para o abandono escolar.

Além disso, a Seed estudou também a quantidade de jovens matriculados no período noturno. No Paraná, em média 30% do total de alunos da rede estudam à noite. Em contrapartida, a média brasileira vem caindo nos últimos anos e em 2016 chegou a 22%. Em muitos países referências em educação, como Japão, Finlândia e Canadá, o ensino médio regular sequer é oferecido no período noturno.

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Segundo pesquisa do Centro de estudos e pesquisas em educação, cultura e ação comunitária (Cepenc) realizada com estudantes brasileiros sobre o motivo da escolha pelo período noturno, 64% responderam que foram, na verdade, direcionados para o noturno por conta da distância de suas residências ou porque essa era a única opção ofertada em seu bairro ou município. Não são bons motivos.

Diante desses dados, entende-se necessário refletir sobre como reverter o quadro de abandono escolar registrado no período noturno e sobre qual é a real demanda por essa modalidade. Quantos estudantes não prefeririam estudar durante o dia?

Como uma das frentes para combater esse cenário, a Seed fez um grande esforço logístico que permitiu abrir turmas adicionais e ampliar em mais de 20 mil novas vagas para a 1.ª série do ensino médio no período diurno em todo o Paraná. Com isso, possibilitaremos aos estudantes do 9.º do ensino fundamental que eles continuem estudando durante o dia ao ingressarem no ensino médio, se assim desejarem.

Garantir que todos os estudantes tenham uma boa trajetória escolar e que não abandonem a escola é dever e missão do Estado. Refletir sobre o que impede que isso aconteça e atacar diretamente o que se revela como obstáculo para isso é fundamental. Trata-se de um problema de muitas facetas e de muitas soluções, e possibilitar que o aluno comece por frequentar a escola em um período que ofereça mais qualidade de aprendizagem é um bom começo.

Renato Feder é secretário de Educação do estado do Paraná.

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