O grande salto de desenvolvimento e de qualidade de vida para os brasileiros depende fundamentalmente das ações dos governos estaduais. Os estados respondem quase integralmente pela principal demanda da população, de mais segurança e menos impunidade. É na rede pública dos estados que se concentra o maior gargalo da educação, a urgente necessidade de tornar o ensino médio mais atraente e mais efetivo para os jovens. E na ampla maioria dos estados, são os hospitais regionais, administrados pelos governos estaduais, que atendem os casos de urgência e de alta complexidade.
Sem a participação dos governos estaduais, o Brasil não garantirá a segurança da sua população, não irá formar uma geração mais preparada para o mercado de trabalho e nem poderá ampliar a assistência necessária aos idosos e doentes. A cidadania brasileira precisa e depende dos governos estaduais.
Só com bons governos estaduais é que teremos um Brasil melhor.
É disso que estamos falando quando discutimos um novo pacto federativo. Os estados se encontram hoje sobrecarregados nos seus compromissos financeiros com o Tesouro Nacional e com a Previdência pública. Fazer a reforma da Previdência é fundamental para o Brasil atrair investimentos e recuperar o crescimento. Mas os estados precisam estar incluídos nessa solução. Além de contemplar todos os entes da federação, a reforma da Previdência precisa ser uma porta para uma nova relação fiscal entre estados e União. Segundo relatório de acompanhamento fiscal do Senado Federal, a União fica hoje com 51% dos tributos, enquanto aos estados e municípios restam 27,7% e 21,2%, respectivamente. Esse desequilíbrio cresceu ao longo dos anos, com o aumento das obrigações estaduais e municipais com educação, saúde e segurança, sem o devido crescimento da arrecadação ou do repasse. Uma divisão mais justa do bolo tributário é urgente e necessária. Os benefícios de um precisam ser benefícios para todos.
Nossas convicções: Fortalecimento do modelo federativo
No sábado, em São Paulo, vamos reunir os governadores do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, o Cosud. Depois da reunião realizada em março em Minas Gerais, é hora de avançarmos numa pauta de soluções para o equilíbrio fiscal dos estados. Boas práticas estão em curso, graças a essa nova geração de governadores. Temos trocado experiências de sucesso, independentemente de partidos. Desperdícios foram eliminados, os excessos de gastos foram combatidos e a era da guerra fiscal entre os estados ficou para trás. Agora, todos nós temos implantado inovações na gestão pública para atender a demanda por melhores serviços e mais infraestrutura.
Leia também: O combinado não sai caro (artigo de Walcir Soares Junior, publicado em 24 de abril de 2019)
Em São Paulo, por exemplo, abrimos um amplo programa de desestatização. Os 22 projetos de concessões, outorgas e parcerias público-privadas que já estão em andamento nos permitem prever um investimento total de R$ 40 bilhões nos próximos anos. Temos feito nossa parte para garantir emprego e renda para as pessoas. Na saúde, firmamos parcerias com os melhores hospitais privados e estendemos o atendimento no serviço público para zerarmos as filas por exames de mamografia, ultrassonografia e endoscopia. Em menos de quatro meses já conseguimos vagas para realizar 300 mil novos exames. Estamos implantando o novo currículo do ensino médio com vagas no contraturno de universidades públicas e privadas para aproximar o aluno da rede pública do ensino superior. E estendemos o ensino técnico a mais municípios, para que os jovens tenham a oportunidade de sair da escola com uma formação profissional.
Sou testemunha do enorme esforço de gestão que cada um dos meus colegas governadores tem empreendido para melhorar a vida dos brasileiros de seus estados. O Brasil, os estados e municípios e, sobretudo, seu povo não podem mais permanecer reféns dos velhos problemas. A reforma da Previdência é o primeiro passo para construirmos uma nova sociedade, que valorize a iniciativa de cada um, atraia investimentos, nacionais e estrangeiros, e gere emprego e renda. O equilíbrio fiscal é condição imperativa para que os governadores consigam atender a demanda social por melhores serviços públicos. Só com bons governos estaduais é que teremos um Brasil melhor.
João Doria, governador do estado de São Paulo.