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Com o avanço da vacinação contra a Covid-19, a diminuição de casos graves e a redução do número de mortes, conseguimos visualizar um cenário positivo e seguro para os planos de retomada gradual do trabalho presencial ou híbrido. Segundo dados da ferramenta Google Trends, o volume de pesquisas do termo “protocolos de biossegurança” teve uma alta de 110% entre os dias 29 de julho e 4 de agosto. Mesmo assim, acredito que o retorno de forma integral aos escritórios aconteça de forma gradual.
Fazendo uma análise deste período em que fomos obrigados a nos adaptar repentinamente ao modelo de trabalho 100% home office, entendo que, excluindo todas as angústias, preocupações e, em alguns momentos, a necessidade de lidar com a triste dor da perda de algum amigo ou parente querido por conta da doença, conseguimos nos adaptar bem.
O processo, daqui em diante, será avaliar as vantagens e desvantagens do formato home office para os trabalhadores e nós, os empregadores. Encaro como uma grande vantagem o colaborador não precisar se deslocar até a empresa, o que gera economia financeira para as duas partes e ganho de tempo e qualidade de vida para o funcionário, que pode investir essas horas a mais em passar mais tempo com a família, praticar alguma atividade física, qualidade do sono e/ou qualificação profissional.
Por outro lado, enxergo alguns pontos negativos: ficam em desvantagem pessoas que possam ter alguma dificuldade em estabelecer suas próprias rotinas, pois a falta de foco e organização pode comprometer a entrega de qualidade e resultados; há dificuldades tecnológicas, como uma conexão de internet lenta, mesmo com o aumento dos planos de dados permitidos por empresas que oferecem o “auxílio home office”. Além desses pontos, com o isolamento social, o relacionamento interpessoal fica ainda mais prejudicado, dificultando as negociações e interações sociais (dentro e fora do ambiente de trabalho).
A escolha pelo trabalho 100% home office, híbrido ou 100% presencial deve ser feita levando em consideração o tipo de trabalho executado. O mais importante é oferecer um equilíbrio para ambas as partes. Considerando que muitas pessoas têm se adaptado bem ao modelo de trabalho remoto, precisamos seguir apenas algumas adaptações. Em especial, fica um grande desafio para nós, líderes: integrar, engajar e estimular o time com esse novo modelo de trabalho.
Com transparência, valorização desses profissionais e insistência, conseguimos manter o equilíbrio, conexão, retenção de talentos e, principalmente, o sentimento de “orgulho em pertencer” à organização.
Em nosso caso, estamos reformando o escritório para acolher os colaboradores em sua volta ao trabalho presencial e incentivar e valorizar a troca de conhecimento e o trabalho colaborativo entre as equipes. Assim conseguimos integrar a equipe pessoalmente, com reuniões presenciais, engajamento e interação social, fortalecendo os laços de pertencimento à organização, mesmo para quem trabalhará de casa. Este modelo também atende a uma vontade dos trabalhadores. Uma pesquisa realizada pela companhia de coworking WeWork com a consultoria Workplace Intelligence aponta que 53% dos funcionários desejam trabalhar três ou mais dias em casa por semana.
Para nós, líderes, existem alguns desafios para esses novos modelos de trabalho: transmitir a nossa cultura, em especial aos novos colaboradores, e manter os resultados e entrega de toda a equipe em alta, mantendo-a motivada e engajada com o nosso propósito. Por isso, acredito que tenhamos de investir constantemente em nosso relacionamento com os funcionários, mantendo o canal de comunicação sempre aberto, para que assim possamos criar vínculos e identificar as necessidades pessoais de cada um, mantendo uma equipe engajada, colaborativa e competitiva, que se desafia a entregar sempre o seu melhor.
Essas questões devem ser reforçadas com os novos colaboradores que foram contratados durante a pandemia, pois precisamos demonstrar nossos valores e cultura para que a nossa essência como empresa não se perca. Esse trabalho é longo, delicado e constante, mas acreditamos que com transparência, valorização desses profissionais e insistência, conseguimos manter o equilíbrio, conexão, retenção de talentos e, principalmente, o sentimento de “orgulho em pertencer” à organização.
Henrique Mazieiro é CEO e fundador do Grupo Planetun.