| Foto: Gilberto Abelha /Arquivo Jornal de Londrina

A sociedade, mesmo em países e lugares não cristãos, celebra a alegria do Natal com festas e júbilos, às vezes movida pela mística do nascimento de Jesus no presépio de Belém, outras vezes movida pelo apelo comercial e consumista. Nesse sentido, o papa Francisco insiste no verdadeiro sentido do Natal, que é Jesus e sua partilha com os pobres da terra. Também Santo Afonso de Ligório, fundador dos redentoristas, afirma que a encarnação do Filho de Deus é um sinal do amor de Deus pela humanidade.

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O papa Francisco, desde o início do seu pontificado, tem ajudado as pessoas a entender que a fé deve levar necessariamente a um compromisso com os excluídos da sociedade. “Deriva da nossa fé em Cristo, que se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade”, escreveu o papa em sua exortação Evangelii Gaudium (n. 186). Nossa resposta para o papa deve ser a solidariedade entre as pessoas e entre os povos, pois Jesus foi solidário com a humanidade se fazendo humano e nasceu entre os pobres em Belém.

É por amor. Não tem outra explicação o fato de Deus se tornar menino

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Se por um lado temos a beleza do Natal de Jesus, as comunidades que celebram com fé, esperança e solidariedade, alegrando-se com o nascimento do Menino Deus, por outro lado temos o mercado usando o Natal para o consumismo. “Não podemos mais confiar nas forças cegas e na mão invisível do mercado”, afirma o papa em referência ao neoliberalismo econômico, bem como a corrupção instaurada em muitas sociedades. Enquanto Jesus traz a solidariedade, com o seu nascimento entre os pobres, com os excluídos, o mercado tende a marginalizar aqueles que não têm o poder de compra.

Na linha da solidariedade de Jesus com a humanidade, Santo Afonso de Ligório afirma que Deus se desposou tornando-se semelhante às pessoas humanas e sendo reconhecido em seu aspecto com um ser humano (cf. Fl 2,6). Em uma gruta gelada, o Deus Menino se torna homem e traz esperança à humanidade. Por isso Santo Afonso pergunta: Até onde o amor levou Deus? (“Dolce amore del mio core, dove amore ti trasportò”)? Por que tanto sofrimento? (“O Gesù mio, per ché tanto patir?”) A resposta é rápida: Por meu amor (“Per amor mio!”).

Sim, é por amor. Não tem outra explicação o fato de Deus se tornar menino. Santo Afonso ainda afirma: “Sim, meu caro Redentor, quanto maior foi vossa aniquilação ao fazer-vos homem e nascer menino, tanto maior foi o amor que nos demonstrastes”. O amor de Deus se manifesta fortemente quando vemos o Filho de Deus num estábulo de palhas.

Francisco Escorsim: Então é Natal (18 de dezembro de 2016)

Leia também: É Natal. O que ensinamos às crianças? (artigo de João Luís Machado, publicado em 25 de dezembro de 2008)

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Diante de tantos símbolos modernos que falam do Natal, não podemos deixar de contemplar o presépio, que dá o verdadeiro sentido da festa natalina. Nesse contemplar vamos aprender na simplicidade do Menino Deus, de Maria e José, o sentido do despojamento e do doar-se ao outro num espírito de solidariedade. Se por um lado símbolos do consumismo despertam a atração para as coisas terrenas que são efêmeras e passageiras, o presépio nos desperta para as coisas sublimes que não passam, como o perdão, a misericórdia, a bondade e o amor.

Natal sem Jesus não é Natal; pode ser um momento de consumo e desgaste com coisas efêmeras, mas não é celebrar a festa do aniversariante. Quando celebramos de verdade a festa do aniversariante, que é Jesus, nossos corações se unem em oração, trazendo o céu para a terra, e procuramos valorizar as outras pessoas como irmãs num espírito de solidariedade. E, a partir desse espírito natalino, edificar uma sociedade onde todos tenham vida digna.

Assim, o papa Francisco e Santo Afonso de Ligório nos despertam para celebrarmos bem a encarnação do Filho de Deus, que é o mistério que nos liga ao céu. Jesus, encarnando no ventre de Maria e nascendo entre nós, abre um novo ciclo da história. Essa história é vivida por nós com corações amorosos num Deus que derrama o seu amor à humanidade.

Joaquim Parron é padre redentorista, doutor em Ética Teológica pela Catholic University of America (Washington, EUA) e mestrado em Educação.