O câncer de mama costuma ter bom prognóstico quando diagnosticado precocemente e quando é tratado de maneira adequada. No entanto, neste Outubro Rosa, que começa hoje, o alerta para as elevadas taxas de mortalidade continua aceso. Em 2011, 13.225 mulheres morreram no Brasil em decorrência de tumores nas mamas. A doença ainda é a responsável pelo maior número de casos de câncer e de mortes no sexo feminino em todo o mundo.
O Instituto Nacional de Câncer (Inca) prevê 57.120 novos casos até o fim de 2014, com cerca de 56 mulheres afetadas entre cada 100 mil. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), as taxas de incidência ajustadas por idade nos Registros de Câncer de Base Populacional de vários continentes foram aumentadas em dez vezes nas décadas de 1960 e 1970.
Os exames laboratoriais nos permitem, de maneira cada vez mais precisa, identificar os diferentes perfis biológicos e moleculares do câncer de mama, que já corresponde a mais de 15 doenças distintas. Contudo, na maioria das vezes, o tumor ainda é diagnosticado em estágios avançados no Brasil, o que dificulta a perspectiva de um tratamento curativo. Contribuem para esse fato as dificuldades ainda existentes no acesso da população principalmente de regiões periféricas das metrópoles e do interior a exames de boa qualidade.
É de extrema importância que o Ministério da Saúde invista em um programa de educação preventiva, capaz de disseminar orientações a mulheres de todos os níveis sociais, e que lhes garanta o acesso a um programa de rastreamento estratégico do câncer de mama.
Como o surgimento do tumor é assintomático em grande parte dos casos, protocolo do Ministério da Saúde aconselha que todas as mulheres com idades entre 50 e 69 anos façam a mamografia a cada dois anos. O exame clínico, baseado na palpação dos seios, deve ser realizado anualmente. O rastreamento em mulheres com história de câncer na família o considerado grupo de risco é recomendado a partir dos 35 anos de idade.
No entanto, é importante frisar que a hereditariedade é responsável por apenas 5% a 10% dos tumores malignos de mama. Por isso, precisamos de campanhas periódicas que mostrem que não apenas mulheres de famílias com alto índice de câncer poderão desenvolver a doença. A população precisa assimilar que a redução do consumo exagerado de alimentos gordurosos e de bebidas alcoólicas, não fumar e praticar exercícios físicos são atitudes básicas de prevenção.
Celso Rotstein, oncologista, é consultor da Fundação do Câncer.
Dê sua opinião
Você concorda com o autor do artigo? Deixe seu comentário e participe do debate.