Por décadas, o poder esteve concentrado nas mãos de elites políticas, econômicas e sociais que formam o chamado establishment – um grupo tradicional que controla a formulação de políticas públicas, a economia e a narrativa midiática. Esse domínio sempre foi baseado na estabilidade institucional e no acesso privilegiado a recursos e oportunidades. No entanto, o surgimento da economia digital tem desafiado essa estrutura, criando uma nova classe de influenciadores e empresários que acumulam riqueza e influência sem depender das elites tradicionais.
A ascensão de figuras como Pablo Marçal ilustra essa transformação. Empreendedor digital e influenciador de massas, Marçal construiu um império financeiro sem precisar passar pelos canais convencionais do establishment. Seus cursos, mentorias e conteúdos disseminados nas redes sociais o transformaram em um fenômeno de mobilização popular, desafiando não apenas o mercado tradicional, mas também a política e a mídia, que tradicionalmente filtravam quem tinha espaço para crescer.
O establishment sempre exerceu seu domínio por meio de mecanismos como o controle da agenda pública, a definição das regras econômicas e a ocupação de cargos estratégicos na política e no judiciário. A presença dessas elites pode garantir previsibilidade e evitar rupturas bruscas, mas também tem um lado negativo: a resistência à inovação, a manutenção de privilégios e a dificuldade em lidar com mudanças sociais e tecnológicas. Esse conservadorismo institucional tem sido um dos fatores que impulsionam novas lideranças fora do sistema convencional.
A era digital, no entanto, está desmontando esses mecanismos de controle. Hoje, qualquer pessoa com conhecimento e habilidade em marketing digital pode lançar produtos, ganhar notoriedade e construir riqueza sem precisar da chancela de grandes grupos empresariais ou da mídia tradicional. Infoprodutos, plataformas de ensino online e redes sociais deram origem a uma nova classe de empreendedores que desafiam o domínio das elites convencionais. Esse fenômeno não se restringe ao Brasil; nos Estados Unidos, figuras como Elon Musk e Donald Trump usaram o digital para moldar narrativas e questionar o establishment em diversas frentes.
Pablo Marçal representa essa nova dinâmica. Ele não apenas quebrou paradigmas econômicos, mas também levou essa mentalidade para a política, onde seu discurso disruptivo encontra eco em uma sociedade cansada das velhas estruturas de poder. Seu crescimento meteórico atraiu resistência das elites, da mídia tradicional e até mesmo do sistema político, que veem nele uma ameaça ao modelo consolidado de poder. Essa resistência não é por acaso: o establishment teme o crescimento de figuras que fogem ao seu controle e mobilizam multidões sem precisar de aval institucional.
O grande desafio contemporâneo está justamente nesse embate. Enquanto o establishment tenta preservar seu domínio por meio de regulamentações, limitações e estratégias midiáticas, a economia digital continua criando novas oportunidades para indivíduos que, há poucos anos, jamais teriam acesso a grandes fortunas ou influência política. Esse movimento ainda está em curso e levanta questões importantes: até que ponto o establishment conseguirá manter sua relevância? Qual será o impacto da ascensão dos novos ricos digitais na formulação de políticas públicas?
O futuro do poder está sendo reescrito, e o digital é a ferramenta que permite essa revolução. Se o establishment não se adaptar, será apenas uma questão de tempo até que ele seja substituído por uma nova elite, formada não por heranças ou conexões políticas, mas pelo conhecimento e pela capacidade de se conectar diretamente com as massas.
Berlinque Cantelmo, especialista em Ciências Criminais e em Gestão de Pessoas, é militar da reserva da PMMG.
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