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A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, o mundo viveu o que se chama de era de ouro de capitalismo. A economia mundial experimentou um crescimento econômico sem precedentes nesse período, até o início da década de 1970. Estudos apontam que essa época foi o apogeu do crescimento econômico e populacional mundial, de sorte que as projeções atuais mostram que nunca mais o feito se repetirá. Conforme pesquisas, em 2100 voltaremos aos níveis de crescimento de 1100, o que se chama de “estado estacionário”.

O Brasil, inserido nesta conjuntura, sempre foi visto como um país alvissareiro. O escritor austríaco Stefan Zweig criou a expressão “país do futuro” para um país que, na década de 1940, dava sinais de sua capacidade de crescimento, a partir de suas diversas características favoráveis, tais como a disponibilidade de recursos naturais, o clima e seu povo. Aliás, frequentemente se ouve que o melhor do Brasil é o seu povo. Divirjo. Penso que o pior do Brasil é o seu povo, por ser indolente, acomodado, fútil e hipócrita; um povo que fura fila, joga lixo na rua, logra no troco, deseja e pratica o mal. Infelizmente o Brasil é um país que não deu certo, desde a sua colonização. Tudo que não prestava, o rebotalho humano mundial, veio para cá. No que deu? No povo brasileiro.

Houve uma época (década de 1970) em que o Brasil chamou a atenção como país emergente, um dos que mais cresciam no mundo. Porém, desde a década de 1980 nossa economia anda de lado, premida pelos problemas macroeconômicos fundamentais – inflação e desemprego. A inflação galopante foi combatida a partir da segunda metade da década de 1980, por meio dos famosos planos econômicos heterodoxos. Em 1994, finalmente o Plano Real domou esse dragão. Todavia, o problema da falta de um crescimento econômico sustentado – isto é, aquele que se sustenta, se mantém de forma robusta e equilibrada – persiste. Houve a tentativa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), mas empacou.

No estudo da macroeconomia há um dilema fundamental entre inflação e desemprego. Todo responsável por políticas econômicas precisa optar por uma prioridade, pelo menos no curto prazo. Se não prescinde de combater a inflação, deverá ser conivente com um nível maior de desemprego. Por outro lado, caso não tolere o desemprego, deverá aquiescer a uma inflação mais elevada.

O pior do Brasil é o seu povo, por ser indolente, acomodado, fútil e hipócrita

Para alguns economistas que se posicionam perante esse trade-off fundamental, dentro de uma ótica realista de quem acompanha o cotidiano, nada assusta mais, nada é mais apavorante que o desemprego. Nada mais triste para um trabalhador que ver o aluguel vencendo sem ter recursos para pagar. Nada mais trágico para um pai de família que abrir o freezer e não ter a carne para alimentar sua família. Nada mais desolador que não ter o leite na geladeira, os mantimentos na despensa. Nada mais desesperador que não ter os recursos básicos imprescindíveis à subsistência.

O desemprego é, pois, um dos grandes, se não o maior de todos os problemas sobre os quais os economistas e a sociedade como um todo devem se debruçar. No Brasil do limiar da década de 2010, a situação era de estabilidade, neste particular, com taxas de desemprego em níveis historicamente baixos, em torno de 5%, segundo as entidades responsáveis pela pesquisa.

A situação brasileira era insofismavelmente confortável, sobretudo quando comparada com o resto do mundo, então envolto numa das mais severas crises econômico-financeiras da história, nascida da crise do subprime dos EUA, mas que se alastrou rapidamente para os quatro cantos da terra, abatendo-se com maior ou menor intensidade sobre praticamente todos os países, incluindo o Brasil.

Nesse sentido, o governo brasileiro, à época, resolveu combater os reflexos do arrefecimento da atividade econômica mundial, lançando mão de políticas econômicas (fiscal e monetária) ativas, sobretudo pela concessão de estímulos tributários (redução do Imposto sobre Produtos Industrializados) para alguns setores específicos.

Pois o conforto acabou. A tentativa de manter o crescimento econômico forçado via consumo das famílias esgotou-se. A saída é estimular o investimento empresarial.

Diante dessa crise severa que se abateu sobre o país – não só econômica, mas política e institucional –, fica difícil ser otimista; melhor ser realista. O Brasil precisa se reinventar, promover uma reforma geral, cultural e institucional, o que abrange as faladas reformas política, tributária e previdenciária. Temos pouco tempo. Se o Brasil é o país do futuro, o futuro está chegando. Admitindo que, na média, o mundo deve parar de crescer em 2100, temos pouco mais de 80 anos para fazer do Brasil a potência que ele pode ser, deixando ianques, japoneses e alemães comendo poeira. É possível? Sim. Mas é preciso agir, mudar, caso contrário o nosso país jamais será uma economia pujante e alvissareira.

Douglas Paz, economista, é mestre em Economia Regional.
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