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Pandemia: será o começo do fim?

Imagem ilustrativa. (Foto: AEN)

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É consenso entre especialistas que ainda estamos longe do fim da pandemia de Covid-19. Mas a boa nova é que já é possível vislumbrar, ao menos pelo que temos observado, que estamos começando a viver o começo do fim.

Desde junho deste ano, Curitiba entrou em espiral de queda sustentada de novos casos e hospitalizações. Desde julho deste ano, ainda, isso passou a se refletir também em queda de óbitos.

Grande parte deste resultado é fruto das medidas restritivas às quais os curitibanos aderiram. Mas o ritmo sustentando de declínio da curva mostra também que boa parte desses resultados se deve aos primeiros frutos do início da vacinação na nossa cidade.

Embora a vacinação tenha começado já em 20 de janeiro de 2021, os resultados mais robustos só estão começando a ser sentidos neste momento, pois as doses foram chegando muito a conta-gotas no município, o que impediu uma rápida imunização de um grande público.

Um levantamento realizado pela Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de Curitiba, que avalia risco para Covid-19, mostra que, em 2020, os idosos com 80 anos ou mais tinham 25 vezes mais chance de hospitalização e 230 vezes mais riscos de ir a óbito por Covid-19 que pessoas entre 20 e 29 anos, população usada como referência para a pesquisa. Já em 2021, com a vacinação, o risco de hospitalização caiu pela metade e o de óbitos por Covid-19 caiu 77% para os maiores de 80 anos.

Entre as pessoas entre 70 a 79 anos, o risco de hospitalização por Covid-19 foi 16 vezes maior e o risco de morrer foi 106 vezes maior em comparação com a faixa de referência (20 a 29 anos) em 2020. Já em 2021, com a vacinação, o risco de hospitalização caiu para 10 vezes (uma diminuição de 34%) e o de óbito, para 52 vezes (uma diminuição de mais da metade) entre as pessoas de 70 a 79 anos. Entre aqueles de 60 a 69 anos, última faixa etária de idosos a ser vacinada, a redução também já é percebida, ainda que de maneira mais leve – o risco de óbitos já é 37% menor e o de hospitalização caiu 22% em relação a 2020.

Os dados são animadores, ainda mais levando em consideração que avaliamos uma população que ainda não estava completamente imunizada (com duas doses). E, a despeito dos detratores de algumas marcas de vacina, é importante que se diga que estes primeiros resultados positivos foram obtidos basicamente com a imunização realizada com a Coronavac.

As faixas etárias que receberam Coronavac (acima de 85 anos, 70 a 79 anos, e metade de 65 a 69 anos) foram completamente imunizadas (receberam duas doses) antes, porque o intervalo da vacina é menor (de 21 a 28 dias). Já os demais idosos, vacinados com AstraZeneca, receberam a segunda dose mais recentemente, já que o intervalo entre as doses para esta vacina é de três meses. Portanto, os impactos desta imunização com AstraZeneca ainda não foram completamente contabilizados nesta pesquisa da SMS. Os idosos na faixa etária entre 60 a 65 anos, inclusive, receberam apenas muito recentemente a segunda dose. Em março, apenas 52% das pessoas acima de 60 anos tinham a primeira dose. Em junho, eram 97% com a primeira dose realizada e apenas pouco mais da metade (54%) estavam completamente imunizados, tendo já realizado também a segunda dose.

Fica claro nestes dados apresentados que as vacinas estão cumprindo seu papel coletivo em diminuir hospitalizações e óbitos entre as populações imunizadas. Por óbvio, porém, que não existe vacina, independentemente da marca, que seja 100% eficaz. Mesmo entre pessoas completamente imunizadas, há riscos, mesmo que menores, de hospitalizações e óbitos.

Basicamente, a vacina é como um goleiro. Quando o goleiro atua sozinho, por mais que ele defenda várias bolas, pode ser que algumas passem. Já quando há mais pessoas imunizadas, a defesa do time fica mais robusta, facilitando o trabalho do goleiro.

Vale dizer que a Coronavac agiu no momento mais crítico e difícil da pandemia em Curitiba: os meses de fevereiro e março, quando tivemos o maior aumento de casos em razão da variante P1. Com mais gente imunizada agora, o resultado coletivo de todas as vacinas será mais positivo, independentemente da marca que for aplicada.

Isso é um recado para os sommeliers de vacina. Vacina boa é aquela que chega ao braço. Todas as vacinas aplicadas são seguras e eficazes. E ninguém estará a salvo até que todos estejam a salvo. O que significa que, para o bem de todos, cada um, individualmente, tem uma tarefa a cumprir: imunizar-se assim que chegue a sua vez, sem delongas.

E, além de se imunizar, é compromisso de todos manter as demais medidas de prevenção até que a incidência da doença esteja mais controlada. Pois o vírus permanece em nosso meio e continuará com circulação alta. Ou seja, o goleiro ainda precisa de ajuda.

Apenas com taxas maiores de 70% da população completamente imunizada, com duas doses, é que existe a expectativa de a circulação do vírus realmente cair. Só então poderemos começar a pensar em tirar máscaras.

Márcia Huçulak é secretária municipal da Saúde de Curitiba.

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