Amostra para teste de coronavírus. Imagem ilustrativa.| Foto: Fred Tanneau/AFP
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O secretário de Estado da Saúde, Beto Preto, disse há poucos dias que “a vacina que temos hoje é a testagem RT-PCR”. Importante e acertada afirmação, ainda que estejamos todos esperançosos (e com razão) pela efetiva chegada das vacinas. E vemos, de fato, movimentos promissores, especialmente para aquelas que serão produzidas no Brasil, a AstraZeneca-Oxford na Fiocruz e a Sinovac no Butantan. Mas ainda serão alguns meses pela frente até essa nova realidade. Muito certamente levaremos todo o ano de 2021 para vacinar toda a população do país. E, com isso, conviveremos muitos meses com a imperiosa necessidade de testes RT-PCR, que diagnostiquem as pessoas positivas para o vírus, testando igualmente todos os seus contatos e, assim, isolaremos e controlaremos a transmissão do vírus.

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Nas últimas semanas de outubro e em novembro, os casos aumentaram de forma bastante expressiva no Paraná. A testagem seguiu aumentando, mas a positividade dos testes cresceu em índices recordes. Registramos cerca de 40% ou mais de positividade. Estamos vendo em quase todos os ambientes de trabalho e em muitas famílias um conhecido, parente próximo ou distante, vizinho, que testou positivo para Covid-19. O que estaria acontecendo?

Muitos dão sinais claros de um certo cansaço do isolamento social, das medidas protetoras, como uso de máscara, higiene correta, tanto pessoal quanto dos ambientes, e, sobretudo, voltando a práticas com aglomerações, maiores ou menores, como festas, restaurantes, outras formas de lazer etc. Fins de semana com estradas, praias e clubes cheios. A pandemia teria ficado para trás? Esqueceram de combinar com o vírus, que está longe de parecer cansado! A taxa de transmissão voltou a crescer. Os hospitais voltam a encher de pacientes com Covid-19. Outros atendimentos voltam a ser suspensos ou postergados.

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Vivemos meses aprendendo a nos preservar e a preservar os entes queridos, os colegas de trabalho; a construir lógicas coletivas para enfrentar a pandemia; a adotar as medidas de higiene, distanciamento social e uso de máscaras. Mesmo com opiniões e posturas negacionistas em relação à pandemia, que seria “uma gripezinha”, ou que morreriam poucas pessoas, ou que bastava tomar tal remédio milagroso, o país ultrapassou 6 milhões de casos e a vida de mais de 170 mil pessoas foi ceifada. São mães, pais, esposos, filhos, colegas de trabalho, enfim, perdas de entes queridos, cada um deles com um nome, uma vida! No Paraná foram quase 6 mil perdas. No Brasil e no Paraná estes números não irão cessar, infelizmente. Mas devemos ajudar a conter ao máximo essas mortes e tanto sofrimento.

Por tudo isso, não podemos esmorecer. Ao contrário, devemos fortalecer todas as medidas que já sabemos dar resultados. Já se foram quase nove meses do início da pandemia no Brasil. Precisamos manter-nos ainda alertas, com todos os cuidados que sabemos quais são. Não vamos colocar tudo a perder e deixar o recrudescimento da pandemia acontecer.

Com 1 milhão de testes alcançados, o Paraná se consolida como o estado do país que mais usou o RT-PCR. Na média, realizamos praticamente o dobro da média de testes feitos no país, proporcionalmente à população.

Temos experiência em testagem. Podemos e devemos intensificar a testagem para identificar os positivos, os contatos, testar todos e isolar os positivos, forma efetiva de não deixar o vírus se propagar. A Secretaria de Estado da Saúde, todas as suas regionais, as secretarias municipais, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-PR), com apoio do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), vinculado à Fiocruz e ao Tecpar, têm uma excelente rede para realizar a coleta e a análise RT-PCR. Nesses dias, o IBMP está ampliando sua capacidade de análise de RT-PCR para cerca de 8 mil amostras por dia. Podemos e devemos usar toda a experiência para seguir testando, ampliando mais ainda o que já foi feito até hoje.

Precisamos conter e enfrentar esse recrudescimento, ou segunda onda, como se fala. Mas a população, cada um de nós, precisa cooperar. Os governantes devem estar atentos a fortalecer as medidas coletivas em cada cidade e região do estado. Empresários e comerciantes têm de estar mais atentos aos cuidados em seus locais de trabalho e atendimento ao público. Vamos reforçar os hábitos de distanciamento, uso de máscara e a higiene frequente das mãos. Não é hora de fazer de conta que a pandemia passou ou que vai passar na semana que vem! A vacina vai chegar, mas ainda não chegou!

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Não vamos desistir. Vamos evitar mais mortes, vamos evitar hospitais lotados. Vamos dar um descanso e respeitar os profissionais de saúde, incansáveis, que estão na linha de frente. Eles, sim, devem estar cansados! Muitos se contaminaram e vários perderam suas vidas para cuidar de todos. Nossa homenagem aos profissionais de saúde da linha de frente. Respeitá-los e valorizá-los é também promover o autocuidado e o cuidado com os outros, reforçando as medidas de prevenção. Estamos perto de vencer e deixar a pandemia para trás, mas isso ainda vai levar alguns meses.

Pedro Ribeiro Barbosa é diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP).