Nos últimos dez anos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil não tem conseguido sair da casa dos 0,7 pontos, com crescimento relativo de apenas 5% em uma década. Multiplicam-se os debates sobre a necessidade de aumentar a geração de riqueza por meio da descomoditização da nossa pauta de exportação, mas nenhuma política, nenhuma iniciativa focada e contínua, tem sido de fato implementada para transformar o discurso em prática. Ao contrário: parecemos estar constantemente à busca de qualquer exemplo contraproducente para justificar a criação de novas regras que engessarão e frearão mais ainda a relação entre a academia e o setor produtivo, reduzindo desta forma a nossa capacidade de transformar conhecimento em produtos, processos e serviços que, por sua vez, gerarão riqueza, renda e bem-estar, na medida da sua absorção pela sociedade.
Necessitamos nutrir a cultura da parceria entre universidades e empresas
Produtora de novos conhecimentos
A Constituição Federal estabelece, em seu artigo 207, os princípios que regem as universidades no país: “As universidades gozam de autonomia didático-científica, administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”.
Leia o artigo de Paulo Marcos Borges Rizzo, presidente do Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN)Todos sabem que, para gerar riqueza e crescimento social, não basta o Brasil representar 2,7% da produção científica mundial, não é suficiente gerar cerca de 53 mil artigos acadêmicos de alto impacto por ano. Essa capacidade de produção científica, não tão distante dos 64 mil artigos produzidos pela Coreia do Sul, não prescinde da necessidade definitiva de consolidar um diálogo produtivo, ético e de ganhos mútuos entre as universidades e as empresas. A relação entre a academia e o setor privado deve ser pautada pela inovação, ou seja, pela transformação dos avanços científicos em ganhos econômicos, que necessariamente ocorrem na medida do crescimento competitivo do setor produtivo.
Comprometer apenas 1,24% do Produto Interno Bruto nacional em atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D) obviamente não é suficiente para um país como o Brasil, ainda mais se relembrarmos que a fatia do protagonismo privado está em declínio nos últimos dez anos, sendo atualmente de 43% do total investido. Nenhum país desenvolvido no mundo encontra-se em uma situação em que investimentos públicos em P&D, obviamente voltados à pesquisa universitária, superam investimentos privados, transformando tal pesquisa básica em aplicações voltadas à geração de negócios. Em nenhum país desenvolvido a proporção de pesquisadores inseridos em atividades empresariais é menor que 50%, mas no Brasil tal fatia tem regredido: de 40,6%, em 2000, para o índice muito preocupante de 25,9% em 2010.
O que mais precisamos esperar para reagir com coragem e determinação? Que a nossa balança comercial seja tão deficitária, em função da importação de produtos de alta tecnologia, que não exista então mais nenhuma possibilidade de gerar e distribuir riqueza para todos, entrando em uma crise econômica e social que não possa ser revertida por muitos anos? Não existe mais tempo a perder, com novas razões para distanciar a academia do setor produtivo. Necessitamos nutrir a cultura da parceria entre universidades e empresas, além de, juntos, acelerarmos e desburocratizarmos os instrumentos que permitam o desenvolvimento de projetos concretos entre o pesquisador e o empresário, para o benefício mútuo dessas atividades humanas absolutamente necessárias e complementares, e para o benefício definitivo da sociedade paranaense e brasileira.
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