De uma produção de 2,6 milhões de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões, 1,9 milhão foi vendido no mercado interno. O crescimento das vendas internas colocou um grande sorriso nos lábios dos principais executivos das montadoras.
Após mais de dez anos de prejuízos, GM e Ford anunciaram que em 2006 saíram do vermelho, para alegria de suas matrizes em Detroit, combalidas e ameaçadas com sérias crises de produtividade e financeiras. A GM do Brasil, comemorando ainda o recorde de mais de 400 mil unidades vendidas no mercado interno, já anuncia, por meio de seu presidente, o chinês-canadense Ray Young, que lutará, junto a sua matriz, por um investimento de 1 bilhão de reais nos próximos três anos, com lançamentos agressivos de novos modelos e produtos.
Certamente, no embalo da GM, as antigas e as novas montadoras também investirão nesse promissor mercado. Fato que já pode ser comprovado mediante o anúncio da Ford, feito por Dominic DiMarco, presidente da Ford América do Sul e diretor-executivo para o Canadá e México, no último dia 4. A companhia fará um novo ciclo de investimentos no Brasil de R$ 2,2 bilhões, entre 2007 e 2011, revertidos em um novo produto, no incremento da capacidade de produção, em Taubaté-SP e na aquisição da Troller, o que, segundo DiMarco, é fruto da confiança da Ford no Brasil.
Apesar das constantes reclamações referentes à desvalorização da moeda americana, assim mesmo, mais de 600 mil unidades foram exportadas. O automóvel produzido hoje no país é um dos melhores do mundo. Causa inveja aos outros países o desenvolvimento de motores flexíveis, incluindo o tricombustível, que também podem ser movidos a GNV (gás natural veicular). Os recursos naturais em abundância tornam o Brasil um país líder em novas tecnologias para motores a combustão. Além dos motores flexíveis, o biodiesel, também chamado de revolução verde, desenvolve-se rapidamente e num futuro breve poderá substituir gradativamente o diesel, por se tratar de energia limpa e renovável, frente à fonte tradicional do petróleo, cada vez mais escasso e caro. Para o Brasil, é a descoberta de uma nova fonte de desenvolvimento para a nossa agricultura e a perspectiva de nos transformarmos em um grande fornecedor internacional desses produtos, com a contribuição para a nossa economia e meio ambiente. É importante destacar que os motores bicombustíveis já representam 78% das vendas no mercado interno. Comemora-se também a marca de 10 milhões de veículos com motor 1.0, vendidos desde 1991.
Outro setor que está comemorando excelente resultado é o de motocicletas, que emplacou 1,270 milhão de unidades, com um crescimento de 24% em relação ao ano anterior. Um novo recorde desse mercado que mais cresce proporcionalmente no mundo. Tanto é que os chineses já estão abrindo os olhos para o mercado de motos no Brasil, anunciando que trarão motos populares e baratas, em torno de R$ 2.500. O cenário do setor de automóveis para 2007 mostra-se otimista. Estudos dos departamentos econômicos das montadoras prevêem um crescimento significativo entre 7% e 10%, enquanto o crescimento econômico ficará em torno dos 3,5%.
Condições existem, porém será necessário reduzir o tamanho da máquina do governo, diminuir as taxas e impostos, reduzir a taxa Selic, controlar a inflação, entre outras reformas políticas, tributárias e sociais, prometidas pelos governantes para os próximos quatro anos. As vendas do setor de veículos, motos e caminhões continuarão sendo puxadas pelo abundante oferecimento de baixas taxas de juros e alongamento do prazo para pagamento.
No contexto mundial, a inserção de um Brasil automotivo deveras competitivo é um grande avanço no esforço de situar a nação entre as demais industrializadas que comandam a economia globalizada.
O resultado atingido pelo setor em 2006 comprova que, mesmo com as crises e dificuldades vividas nesse último ano na economia, política e agrobusiness, num ano de instabilidades, decisões e baixa confiança do consumidor, a cadeia automotiva, diferente de outros setores produtivos, driblou os conflitos e tensões, oferecendo alternativas ao consumidor para a realização dos seus sonhos, comprovando a preocupação com o resultado final. Isso era o que todos os humanos deveriam fazer, assim como as formigas, preocupar-se com o todo realizando bem o seu trabalho na comunidade. Jesus Cristo já dizia que para ser líder é preciso estar disposto a servir e ter vontade, utilizando amor, dedicação e sacrifício. Nesse mesmo pensamento, o que o setor automotivo brasileiro conseguiu foi dilatação de prazos, queda das taxas e expansão do mercado automotivo com o desenvolvimento, inclusive, dos flex, o que causou o bom desempenho do mercado interno. Basta agora conseguir sustentar o que foi conquistado e alçar vôos na competitividade exterior.
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