Na Roma antiga, havia o templo reservado às vestais; elas eram sacerdotisas que rendiam homenagens a deusa romana Vesta. Essa espécie de sacerdócio tinha, por exclusividade, em sua formação, figuras femininas que eram limitadas ao número de seis mulheres, escolhidas entre a idade de 6 a 10 anos – elas iriam servir por um período de trinta anos. Durante esse tempo, as vestais, que tinham como principal requisito a virgindade, eram obrigadas a guardarem sua condição de castidade cuja natureza encarnava, claramente, o significado de pureza. Atentar contra isso configurava um açoite aos deuses romanos e à própria sociedade de Roma.
No presente, guardadas as devidas proporções, esse papel está diretamente correlacionado a tudo que a chamada “cultura woke” acredita representar. Como tal, faz um tremendo esforço para protagonizar e ser responsável pela proteção da chama que traduz algo límpido, bacana e inquestionável em suas propaladas “virtudes vanguardistas”. É, supostamente, a tutora das boas ações, através dos primados do “politicamente correto”.
No imaginário woke, nutre-se a ideia – que deve ser levada à sociedade ocidental – de que ela é uma espécie de tábua de salvação para conduzir as nações e os países para algo acima do bem e do mal. Há nesse metauniverso os que realmente pensam assim, por absoluta inocência. Mas há também os que sabem de toda a engrenagem social envolvida, ensinada pelo italiano Antonio Gramsci, desde os idos de 1920, para o fim cartesiano de arregimentar e tornar refém a massa por um único projeto de poder absoluto.
A história mostra até aos mais desavisados o grande hiato que existe entre a sociedade incauta, que busca virtudes e valores autênticos, e os agiotas ideológicos da cultura woke, que visam a escravidão política. Estes últimos, porém, levam grande vantagem aproveitando-se da demanda de um povo que vaga sedento de algo pra seguir e acreditar, e oferecendo suas narrativas sofismáticas. É aí que as tiranias se instalam, começado pelo artifício de um “politicamente correto”, por exemplo, chegando aos modos mais infames de controles, erigindo, assim, autocracias e despotismos.
No universo woke existe a “certeza” e a “credulidade” que seus integrantes receberam do cosmos uma espécie de “missão messiânica”, de salvar um mundo que está atrasado, injusto e negacionista científico (pois pra essa claque, a ciência não pode ser contestada). Essa mesma tribo esquece que quando ela, a ciência, passa a ter tal condição de inquestionabilidade, deixa de pertencer ao terreno científico e transmuta-se pro plano do dogma.
Ricardo Sérvulo é doutor e mestre em Direito, advogado e jornalista.
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