Ouça este conteúdo
Mercado aquecido é sinônimo de concorrência, o que gera nas empresas uma necessidade de vanguarda e consciência ambiental, seja qual for o setor. Isso não é diferente na construção civil. O setor se mostrou resiliente em 2022, apesar do aumento da taxa Selic, e tem conseguido manter o crescimento registrado em 2021. Conforme projeção de julho deste ano da Câmara Brasileira das Indústrias de Construção (CBIC), a área deve ter um aumento, até o final de dezembro, de 3% na comparação com o ano passado.
Com esse cenário, é importante que uma empresa de construção civil saiba atender às exigências do mercado consumidor e da sociedade. É algo que pode não ser simples, tendo em vista a diversidade do público que é atendido, em diferentes lugares do país. Mas algumas atitudes são básicas para iniciarmos essa discussão. É preciso antecipar tendências e lançar produtos que atendam plenamente às expectativas do mercado. E não descuidar da qualidade de vida dos usuários dos empreendimentos, que atualmente estão muito atentos às questões de desempenho térmico e acústico, além da eficiência e economia na luminosidade dos empreendimentos.
Junto a essa questão, é importante citarmos a aliança que deve ser feita entre construção civil e meio ambiente. Uma projeção feita em dezembro de 2021 pelo relatório A Ascensão da Mídia Sustentável, feito pela Dentsu International e Microsoft Advertising, indicou que, durante o ano de 2022, 59% das pessoas entrevistadas no levantamento pretendiam começar a boicotar marcas que não tomassem medidas contra as mudanças climáticas. Além disso, 91% das pessoas ouvidas esperavam mais transparência das empresas em geral sobre suas ações em relação ao tema.
É nesse sentido que precisamos pontuar que a sustentabilidade na construção civil e no mercado imobiliário alcançou um status de requisito, e não mais de diferencial. A adoção de práticas sustentáveis nos canteiros de obras é fundamental. Como exemplo, temos a utilização de projetos, materiais e métodos construtivos que priorizem o aproveitamento de luz natural. Além disso, o uso de materiais recicláveis; de sistemas de geração de energia limpa; a preservação de áreas verdes; a disponibilidade de carregadores para veículos elétricos, entre outras. São práticas que colaboram de maneira efetiva para tornar os imóveis cada vez mais alinhados com a agenda ambiental.
O cenário de conservação é favorecido em Curitiba, uma metrópole que permanece como referência mundial quando se trata de cuidar de áreas verdes e ter urbanização consciente. A cidade, inclusive, poderia aperfeiçoar sua legislação urbanística e ambiental para privilegiar a verticalização dos empreendimentos e, dessa forma, contribuir para a integração da natureza às obras arquitetônicas e seus entornos. Isso transformaria nossa capital em uma lembrança constante de que há formas inteligentes de empreender sem prejudicar a natureza.
Qualquer empresa, pertencente a qualquer setor da economia, atualmente, querendo ser bem aceita pelos seus clientes em potencial, colaboradores ou prováveis funcionários, fornecedores e pela sociedade como um todo, precisará fundamentar o seu produto focando na preservação ambiental. Isso não é apenas uma forma de conquistar clientes, mas de ter olhos para o futuro, já que sem a natureza preservada, não conseguimos projetar uma sociedade saudável para os próximos anos.
Maurício Wildner da Cunha é engenheiro civil da Construtora Andrade Ribeiro.