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O ministro do STF Alexandre de Moraes e o dono do X, o bilionário americano Elon Musk
O ministro do STF Alexandre de Moraes e o dono do X, o bilionário americano Elon Musk| Foto: EFE/Joédson Alves/Tolga Akmen/Pool

As recentes manifestações públicas de Elon Musk, um dos empresários mais influentes do mundo, têm gerado há meses intensas discussões na mídia e nas redes sociais, especialmente no X (ex-Twitter), que pertence ao bilionário sul-africano. Seu confronto com Alexandre de Moraes culminou no bloqueio do X no Brasil e acendeu o debate sobre liberdade de expressão e empreendedorismo, provocando reflexões sobre o sistema corrompido que enfrentamos.

A indignação de Musk reflete um sentimento que muitos empresários brasileiros conhecem bem na luta contra um sistema que oprime a liberdade de expressão e o empreendedorismo. Para ter sucesso no Brasil, o empreendedor precisa desenvolver uma espécie de malícia, uma “malemolência”. Somos forçados a navegar nas águas turvas da burocracia irracional e da regulação excessiva, lidando diariamente com as injustiças de um sistema corrompido. É algo que se aprende não nas escolas de negócios, mas na vivência diária em situações inusitadas, quando estamos tocando nossos negócios e esbarramos em obstáculos impostos pelo governo.

O empresário brasileiro, infelizmente, se vê obrigado a lutar suas batalhas em silêncio, adaptando-se a um sistema que pune a eficiência e recompensa a esperteza

No Brasil, habilidade de gestão não basta; a realidade brasileira obriga o empresário a prever situações, evitar confrontos e se adaptar a um ambiente hostil, corrupto e injusto. Em outras nações, a liberdade econômica prevalece e o empreendedorismo é incentivado por um ambiente de negócios justo e estável.

Com o tempo, acabamos nos acostumando a essa realidade e esquecemos o que é certo. Musk, no entanto, não esqueceu. “Ah, mas ele vem de outra cultura.” Há quem diga que essa nossa “submissão” faz parte da cultura brasileira de aceitar tudo sem questionar e tentar resolver com um “jeitinho”. Será isso mesmo? Não são as regras do jogo que criam essa cultura?

Cansamos de ouvir: “Empresário não deve se meter em política”. Mas por que não? Musk manifesta abertamente seu apoio a candidatos que representam seus valores. No Brasil, os burocratas utilizam o aparato estatal e a segurança de seus cargos para destruir a carreira daqueles que se lhes opõem.

Musk, com sua influência global, pode pressionar por mudanças onde perceba que valores como a liberdade de expressão e o empreendedorismo estão sendo prejudicados. No entanto, o empresário brasileiro, infelizmente, se vê obrigado a lutar suas batalhas em silêncio, adaptando-se a um sistema que pune a eficiência e recompensa a esperteza. Essa nossa “enorme” capacidade de se adaptar é um sinal de que há algo profundamente errado na maneira como o sistema trata aqueles que empreendem.

A indignação de Musk ecoa no silêncio que permeia o ambiente empresarial brasileiro. Nossa conformidade com as regras é um sintoma de um sistema doente. Diante desse cenário, a reflexão que fica é: continuaremos nos adaptando e aceitando as injustiças impostas pelo poder público ou somos capazes de nos mobilizar e propor mudanças reais no sistema? É hora de questionar, agir e buscar uma transformação que garanta um ambiente mais justo e favorável ao empreendedorismo.

Leonardo Salles é empresário e associado do Instituto de Estudos Empresariais (IEE).

Conteúdo editado por:Jocelaine Santos
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