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O Brasil precisa de uma direita para equilibrar o jogo político de forma saudável. Porém uma direita de verdade e não que confunda conservadorismo com atraso e pautas medievais. A direita brasileira acabou por se tornar um movimento que deixou de dialogar com a política e a democracia.

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Qualquer sistema político precisa de uma oposição organizada, mas que atue de forma republicana, dentro das regras constitucionais, que seja propositiva e combativa, no intuito de fiscalizar e cobrar o governo, exercendo um papel de controle sobre a administração. Isto é o que se espera de democracias modernas e maduras, porém, para isso precisamos também de políticos sérios e dedicados, material escasso no país.

O fascínio do populismo usado pela direita brasileira, transita também por algumas vertentes da esquerda, que da mesma forma rejeitam a democracia.

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Os sinais emitidos pela atual oposição ao governo são os piores possíveis. Falta de preparo, maturidade e entendimento do sistema político se somam a uma postura golpista de afronta às instituições com o intuito apenas de causar caos, tumulto e confusão.

A direita mais recente surgida no Brasil não dialoga com o liberalismo de Hayek, Mises ou Friedman e com o conservadorismo de Burke e Kirk. Estamos falando de um tipo de direita radical que rejeita o conservadorismo tradicional ao se opor aos princípios da prudência, moderação e estabilidade, assim como renuncia aos valores liberais aderindo a forma mais pueril de populismo fiscal e social. A direita que vemos hoje no Brasil dialoga, ao contrário do que deveria, com movimentos de cunho radical que foram embriões de regimes autocráticos e autoritários pelo mundo.

O fascínio do populismo usado pela direita brasileira, transita também por algumas vertentes da esquerda, que da mesma forma rejeitam a democracia. Porém existem vetores, tanto de um lado, quanto do outro, que dialogam entre si, respeitam os valores democráticos e o império da lei e guiam suas ações pela divergência saudável e necessária, pelo equilíbrio político e a razoabilidade. São estes setores da esquerda e da direita que merecem nossa confiança e voto.

Hoje vivemos um período em que até a direita moderada aderiu ao terrível fascínio do radicalismo, que flertam com o autoritarismo. Lamentavelmente o clima vivido pela polarização somente acelerou o processo de degradação de nosso sistema político.

O caminho salutar a ser buscado pela direita moderada é evitar adesão ao radicalismo. Liberais e conservadores deveriam se afastar dos radicais, para assim evitar que seu discurso seja contaminado por atores políticos que não dialogam com seus valores. Evitar a contaminação da direita moderada pela direita alternativa, chamada de alt-right, talvez seja o maior desafio deste momento político que estamos vivendo. Se os radicais continuarem a seduzir os moderados, podemos entrar em processo de fratura de nosso processo político. O fascínio do radicalismo é o caminho mais curto para o fim da democracia.

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Márcio Coimbra, professor da pós-graduação em Relações Institucionais e Governamentais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Brasília, é cientista político, mestre em Ação Política pela Universidad Rey Juan Carlos (2007), ex-diretor da Apex-Brasil e do Senado Federal.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]