Depois da decisão unânime que manteve a condenação o ex-presidente Lula na segunda instância, e ainda aumentou de 9 para 12 anos a sua pena, era esperado que se formasse um rebuliço sobre a sua possível candidatura à Presidência da República nas próximas eleições.
Muitos se sentiram aliviados, pois, segundo a Lei da Ficha Limpa, são considerados inelegíveis os que forem condenados em decisão transitada em julgado ou proferida por órgão judicial colegiado – que foi justamente o que aconteceu com o ex-presidente. Outros ficaram preocupados e questionaram se, também por esse motivo, seria o caso de prendê-lo, dado o entendimento do Supremo Tribunal Federal. Em 2016, os ministros entenderam que a possibilidade de início da execução da pena, após a confirmação da sentença em segundo grau, não ofende o princípio constitucional da presunção da inocência. Como a sentença dada pela segunda instância encerra a análise de fatos e provas que assentariam a culpa do condenado, isso autorizaria o início da execução da pena.
Porém, o que muitos ainda não perceberam é que Lula não tem medo de ser preso ou nem sequer tem pretensão, de fato, em sair como presidente nas próximas eleições.
Ainda que a lei seja cumprida, não se sabe se o povo se sentirá justiçado
Ele não tem medo de ser preso porque as estatísticas o favorecem. Dos mais de 200 réus da Lava Jato, tivemos mais de 100 condenações – e nem 30 estão presos. Dos presos, ainda temos os que nem foram condenados e estão em prisão preventiva, diminuindo ainda mais o número de condenados presos. E, mesmo que a prisão aconteça, ainda cabem os recursos aos tribunais superiores e a progressão de regime de cumprimento de pena. Ou seja, ainda que a lei seja cumprida, não se sabe se o povo se sentirá justiçado.
Agora, o que Lula menos quer é se tornar presidente em 2018, tampouco pretende sair candidato: quer apenas fortalecer a narrativa. Seria péssimo se saísse perdedor, seja em segundo, seja em terceiro ou quarto lugar. Mostraria uma perda de credibilidade e enfraqueceria ainda mais o PT, que, em 2016, perdeu metade das prefeituras que tinha. Pior ainda se ganhar, pois precisará levar a cabo as reformas contra as quais hoje luta, como a fiscal e a da Previdência.
Leia também: Lula, condenado e candidato (editorial de 25 de janeiro de 2018)
Leia também: O julgamento e a narrativa (editorial de 22 de janeiro de 2018)
O Brasil precisa tratar com seriedade e com perspectiva geracional as reformas – estruturantes e necessárias. Reforma da Previdência, reforma política, reforma administrativa, reforma tributária, reforma judiciária. Diminuir custos da máquina pública, facilitar o empreendedorismo, desonerar o consumo, fortalecer as famílias. E tudo isso é bastante impopular.
A primeira bomba para quem assumir a cadeira de chefe do Executivo é cumprir com a regra mais básica das contas públicas: a regra de ouro. Ela impede que a União faça dívidas para pagar despesas correntes, como salários e aposentadorias. A ideia por trás da lei é simples: proteger as gerações futuras do superendividamento. A gravidade do estado das contas públicas é tão grande que há um risco concreto de o governo desrespeitar esta regra em 2018 ou 2019.
A situação do Brasil é muito pior que a situação do ex-presidente. Se ele está na frigideira, os brasileiros já estão no fogo há muito mais tempo.
Assim, se tudo sair como esperado, em 2019 Lula e o PT voltam para o lugar de oposição ao Brasil: contra tudo e contra todos.
Com “puxadinhos” no Orçamento, governo Lula legaliza fracasso do arcabouço fiscal
Alexandre de Moraes procurou presidente do Banco Central para pedir pelo Banco Master
Campanha da Havaianas com Fernanda Torres leva chinelada de políticos e consumidores de direita
Próximo alvo? As semelhanças e diferenças nas ofensivas de Trump contra Maduro e Petro