Imagem ilustrativa.| Foto: Reprodução/Redes Sociais
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Certo prelado me disse que os Arautos do Evangelho, para se verem livres da intervenção vaticana (comissariado), têm de manifestar "maior comunhão com a Igreja". Ora, a devoção ao Santo Padre e o acatamento das deliberações da Cúria Romana e dos pareceres dos bispos diocesanos constituem deveras elementos importantes, conditio sine qua non da comunhão eclesial. Concordo plenamente!

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Observo, no entanto, que a comunhão com a Igreja se expressa através da propagação da doutrina católica, deslembrada em muitas paróquias, onde se inculca o politicamente correto. Exprime-se a comunhão também pelo desvelo litúrgico – tão raro hoje em dia. Por fim, a comunhão com a Igreja ocorre ao nível da vivência incondicional dos imperativos morais, por exemplo, a castidade, a pureza, virtudes igualmente menosprezadas pelo mundo e – que desgraça! – repugnadas em não poucos estilos de eclesiásticos e leigos, haja vista o sem-número de situações reportadas pela imprensa.

Em suma, se houve erros perpetrados pelos Arautos do Evangelho vale dizer, alguma concepção teórica particularíssima ou coisa parecida, dê-lhes a oportunidade de nova profissão de fé, com as especificidades cabíveis e pronto. Feito isso, coloque-se uma pá de cal nesse assunto. Deixem os Arautos do Evangelho em paz, aceitem-nos com suas características fundacionais, com seu hábito que atrai a atenção e, por si só, evangeliza.

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Se nos tempos que correm há tanto progressismo pastoral e teológico no grêmio da santa Igreja, tantos padres que se vestem como leigos (e, ultimamente, até bispos que aboliram a indumentária canônica), por que não aceitar o conservadorismo equilibrado dos Arautos do Evangelho, embasado simplesmente no Catecismo da Igreja Católica, que eles tanto difundem?

Se nos deparamos com inúmeros mecanismos culturais que imbecilizam e hipnotizam o jovem, por que perseguir um sistema educacional católico inspirado no carisma dos Arautos do Evangelho, que comunica os valores cristãos e é aguerridamente referendado pelos próprios pais dos alunos?

Mais uma vez, suplico: deixem os Arautos do Evangelho em paz, porquanto esses moços e essas moças, leigos e clérigos tão entusiasmados, tão coerentes com o magistério bimilenar, decerto representam o que ainda sobrevive do catolicismo maravilhosa e indelevelmente registrado nos documentos do Concílio Vaticano II.

Edson Luiz Sampel, advogado, é presidente da Comissão Especial de Direito Canônico da OAB-SP, professor do Instituto Superior de Direito Canônico de Londrina e membro da Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC).