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Imagem ilustrativa.| Foto: Pixabay

O que significa o dia 20 de novembro? Essa é uma pergunta que nem sempre é respondida corretamente, permitindo muitas interpretações. É o dia da morte de Francisco Zumbi, conhecido como Zumbi dos Palmares, nascido em 1655 em União dos Palmares, Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, e falecido em 1695, onde hoje é o estado de Alagoas. E quem foi Zumbi dos Palmares? Zumbi foi o líder do Quilombo dos Palmares; e o que é quilombo? Era um lugar onde escravos fugitivos se constituíam para viver em liberdade.

Respondidas essas perguntas – sobre as quais a maioria não sabe ou nem sequer tem conhecimento –, podemos discutir por que o dia 20 de novembro virou a data que o movimento negro e a população brasileira em sua maioria comemoram ou querem exaltar.

A partir de 1971, o movimento negro brasileiro identificou, em pesquisa profunda, que Zumbi dos Palmares era um símbolo de liberdade, dignidade e resistência contra a escravidão, feito que realizou por meio de Palmares, não se sujeitando ao domínio dos escravagistas portugueses, montando uma verdadeira consciência de liberdade por meio do conhecimento, das armas e da educação. Tanto Zumbi quanto Palmares viraram referência do século 17; sua luta foi contada através dos tempos, retratada em verso, prosa e histórias, dando a certeza de que essa data seria a mais representativa da luta contra a escravidão, por todo o seu contexto histórico.

Para que a população brasileira homenageasse tais feitos, a reivindicação popular, em especial da população negra por meio dos movimentos sociais negros, é a de não se reconhecer o dia 13 de maio, por ser uma data que nos remete à vontade e opressão do escravista, responsável pelos mais de 250 milhões de africanos escravizados e mortos no Brasil em 350 anos de escravidão, tortura, abusos e violação de direitos humanos. É o 20 de novembro que traz os princípios da liberdade, dos direitos humanos, da consciência e da resistência, propostos por Palmares e Zumbi! E o 20 de novembro não é só isso: é a data da dignidade, da inclusão, da reflexão; é o dia da luta pela promoção da igualdade de direitos entre raças e gêneros; é lutar contra o racismo e também lutar contra qualquer forma de discriminação.

Por isso são importantes as ações afirmativas, para que essa inclusão se realize efetivamente, pois vivemos situações de racismo orgânico, institucional e sistêmico. Para combater essa infâmia, apenas por meio da consciência e educação. As ações afirmativas são uma forma de compensação da dívida histórica que o Brasil tem com a população negra, mas também são ferramenta de crescimento socioeconômico. É por toda essa luta histórica que reforçamos a importância do dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, dia de reflexão pela igualdade dos direitos.

Saul Dorval da Silva, jornalista e pós-graduando na Escola de Magistratura, é ex-presidente do Conselho Municipal de Políticas Étnico-raciais de Curitiba (Comper) e do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial (Consepir), presidente do Instituto Brasil-África e um dos criadores da Comissão Estadual de Promoção da Igualdade Racial da OAB-PR.

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