Recente matéria da Gazeta do Povo mostrou que houve uma queda acentuada do número de passageiros no transporte coletivo de Curitiba. Os dados apresentam uma redução de aproximadamente 8 milhões de passagens no período de julho de 2013 a junho de 2016.
As explicações dadas pela Urbs – segundo a qual a redução se deve à crise econômica – não convencem. No passando recente tivemos várias crises econômicas sem uma perda tão grande do número de passageiros. Quando a Comissão de Análise dos Parâmetros Tarifários entregou seu relatório ao prefeito Gustavo Fruet, o número de bilhetes/mês era de 25,5 milhões; hoje, é de 17,5 milhões. Na época o relatório apresentava o elevado custo da tarifa como o principal fator da queda da demanda, associado à queda da qualidade do serviço do transporte coletivo de Curitiba.
O transporte coletivo perde competitividade com o automóvel, tanto pela via do custo quanto do conforto
O preço da tarifa é definido pelo custo total do sistema dividido pelo número total de passageiros. Alterando uma das variáveis, altera-se o preço da passagem. Logo, a contínua queda no número de passageiros tornara a tarifa cada vez mais alta, inviabilizando em pouco tempo o sistema de transporte coletivo de Curitiba.
O elevado preço da passagem se deve a uma licitação malfeita que não atualizou os parâmetros de custos, mantendo os da década de 1980, quando os motores dos ônibus eram de primeira geração – hoje são de quarta geração, bem mais econômicos e com garantia mais longa.
As ultimas ações do Gaeco encontraram licitações fraudadas em vários municípios do Paraná. Como demonstram as investigações, essas licitações prejudicam milhares de usuários. Razão pela qual os vários relatórios técnicos (Comissão da Urbs, TCE-PR, sindicatos e CPI do Transporte Coletivo) pediram ao prefeito Gustavo Fruet a anulação da licitação de 2010. O transporte coletivo perde competitividade com o automóvel, tanto pela via do custo quanto do conforto. A frota de veículos em Curitiba e de 1,3 milhão carros para uma população de 1,86 milhão de habitantes – logo, quase um carro por habitante.
Levando em consideração que a tarifa de ônibus é de R$ 3,70 e o litro de gasolina custa R$ 3,50, aliando ao conforto, rádio, ar condicionado e rapidez, fica fácil entender a preferência pelo uso do veículo individual. Temos de considerar também que o planejamento urbano de Curitiba privilegia o automóvel em detrimento do transporte coletivo, com estações-tubo desconfortáveis, quentes no verão e frias no inverno, sem bancos para os usuários.
Em São Paulo, está ocorrendo um fenômeno inverso ao de Curitiba. Na capital paulista, há aumento progressivo no número de passageiros, que estão trocando o carro pelo ônibus, pelo conforto com entrada de ônibus novos com wi-fi e ar condicionado por exigência da prefeitura; com a implantação de faixas exclusivas para ônibus, tendo com resultado imediato ganho de meia hora, em média, no trajeto; e com bilhetes de integração com prazo de duas horas para uso.
Curitiba e a região metropolitana acabaram com a integração, o que contribuiu para aumentar a queda do número de passageiros entre o fim de 2015 e junho de 2016. Em Curitiba temos 300 ônibus com vida útil vencida, verdadeiras latas velhas transportando passageiros que correm riscos de acidentes graves.
O que São Paulo tem faz falta em Curitiba: um prefeito que toma decisões em benefício dos usuários do transporte coletivo.
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