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Por que todo estudante desmotivado vira um profissional ultrapassado

(Foto: Pixabay)

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O mundo nunca mais será o mesmo. Nem o mercado de trabalho. As mudanças impostas pelo “novo normal” e que vêm sendo construídas desde antes da pandemia fizeram com que a concepção esperada de profissionais do futuro fosse adiantada aos profissionais do presente. Entretanto, para que tais transformações se consolidem com eficiência e impactem positivamente as futuras gerações, é necessário o fortalecimento de atitudes disruptivas na maneira de enxergar a formação desses novos integrantes do mercado de trabalho – especialmente quando tratamos da educação brasileira.

Em virtude dos inúmeros déficits conhecidos na área, ainda reina pelo senso comum a narrativa de que o país investe pouco em educação. Os dados, porém, mostram uma realidade bem diferente. Segundo o relatório “Aspectos Fiscais da Educação no Brasil”, publicado em 2018 pela Secretaria do Tesouro Nacional, cerca de 6% do PIB nacional é aplicado no setor. Em comparação, a média investida pelos países-membros da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) gira em torno de 5,5%.

Com a lei do FUNDEB, aprovada no último mês de dezembro, o valor do investimento em educação básica será ainda maior. Ou seja: não há falta de dinheiro. Se o problema não é esse, como mudar o paradigma do profissional brasileiro, cuja produtividade se mantém praticamente estagnada há 30 anos? Onde agir para equiparar nossa mão de obra aos países que queremos estar lado a lado na OCDE?

O primeiro passo é assumir que o mundo está em constante mudança, observando o que já é dito por aqueles que estão avaliando o que o mercado de trabalho pede de cada profissional no curto, médio e longo prazos. E o que é apontado em estudos conduzidos por diversas entidades, das quais se destaca o Fórum Econômico Mundial, é a exigência inadiável de superação das dinâmicas de ensino obsoletas – como aquelas que replicam o modelo de uma fábrica no início da Revolução Industrial, caso da realidade brasileira.

O predomínio deste tipo de ambiente para o aprendizado no país mostra-se a promotora crucial dos baixíssimos índices de motivação nos estudantes, que não encontram fundamentos sólidos para a dedicação à vida escolar, e da própria posição ocupada pelo Brasil no Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA), destaque negativo no 57º lugar dentre 77 nas competências de leitura, matemática e ciências.

São empecilhos do gênero que levam à grave adversidade dupla no sistema de ensino brasileiro: adaptar os currículos ao mundo contemporâneo, colocando o aluno no centro do processo de aprendizagem, ao tempo tempo em que promove mecanismos para preencher as lacunas básicas criadas pelas deficiências históricas da esfera educacional. O êxito de tal incremento, contudo, requer vitalidade não apenas na preparação de crianças e adultos para os empregos do futuro, mas também para suas respectivas interações enquanto cidadãos, revigorando uma perspectiva de maior coesão social.

O desenvolvimento desses novos protagonistas, no entanto, até agora é um caminho tortuoso. Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica A0plicada (Ipea), realizado em 2018, quase metade dos jovens diplomados atuam no mercado de trabalho fora de suas respectivas áreas de formação, o que só evidencia os problemas de um modelo arcaico e fora da realidade vigente.

Ao passo que urge a notoriedade da instrução sobre saberes e habilidades de liderança, inovação e empreendedorismo, ainda vivemos uma realidade que jaz na mera busca por soluções referentes a esta formação para o futuro, tanto de educadores quanto de estudantes. Para começarmos a mudar a situação, cabe o importante trabalho de conscientização da sociedade civil – necessitada, mais do que nunca, de iniciativas educacionais certeiras, modernas e verdadeiramente dedicadas ao futuro dos brasileiros.

Beatriz Nóbrega é diretora de operações do Lideranças nas Escolas. Giovanni Justino é diretor executivo do Lideranças nas Escolas.

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