No contexto de isolamento social que vivemos hoje, uma questão que nos salta aos olhos e, mais que isso, afetou a rotina de quase todo mundo, é a instrução formal de crianças e adolescentes, restrita agora ao ambiente do lar.
De uma hora para outra, pegos de calças curtas, educadores formais e instituições de ensino correm atrás de plataformas digitais de aprendizado, enquanto autoridades buscam desesperadamente estratégias para ajustarem os dias letivos, com direito a decretos, portarias e até uma medida provisória.
Nos lares, sob a égide das medidas restritivas, regidas pelo slogan que se tornou o novo mantra social do planeta, (o “fique em casa”), pais e filhos se vêem juntos hoje, diante de conteúdos, currículos, aulas online, home-office, tarefas domésticas e tudo o mais que se vive numa casa.
Em meio a tudo isso, uma importante discussão retorna com força. Não seria este o momento ideal para regulamentar a educação domiciliar? Entre as famílias educadoras, duas correntes tomam forma. A primeira, pautada no entusiasmo da oportunidade, é a que diz que estamos todos praticando homeschooling. Todos, diga-se de passagem, significa quase 50 milhões de estudantes. A segunda, mais cautelosa, com direito a palavras de ordem, diz: “Parem com isso! Homeschooling não é isolamento social, muito menos assistir videoaulas junto com os filhos ou auxiliá-los nas lições de matemática!”.
Em suma, as duas correntes tem suas razões, na essência. Entretanto, o curioso mesmo são as constatações que muitos pais têm feito, agora obrigados a se debruçarem de forma mais intensa e constante sobre a vida estudantil dos filhos. A melhor parte é que muitos se descobrem capazes de interferir no processo de ensino-aprendizagem dos filhos muito mais do que imaginariam. E que a educação domiciliar deixou de ser algo distante para tornar-se uma opção a ser considerada.
A prova disso é que, diariamente, centenas de famílias brasileiras pesquisam o tema na internet, em redes sociais, sites e blogs voltados ao homeschooling. Somente a Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned) recebe dezenas de e-mails e mensagens todos os dias, de pais decididos pela educação domiciliar e buscando auxílio para se iniciarem na modalidade.
Separando bem oportunismo de oportunidade, não seria este um ótimo momento para repensar nossos modelos educacionais? Ou vamos continuar a educar crianças, nascidas no cativeiro do Google, dentro da mesma sala de aula do século 18, com direito a carteiras enfileiradas, olhos voltados para a nuca do colega da frente, e o despejar de um conteúdo maçante durante horas a fio?
Nesse contexto, por que não reconhecer o direito da família em educar os próprios filhos? Por que não permitir, assim como mais de 60 países, uma modalidade educacional de excelentes resultados acadêmicos, e que produz adultos sociáveis, seguros e de autoestima sólida?
Reconhecer o homeschooling no Brasil é mais que fazer história. É permitir que a pluralidade de idéias e concepções pedagógicas, descrita na Constituição, ganhe contornos práticos na educação das nossas crianças e adolescentes. É liberdade educacional, para quem quer enviar os filhos à escola ou educá-los fora dela. Já passou da hora! Não à toa, também lançamos o nosso mantra: “Homeschooling Urgente!”.
Rick Dias é bacharel em publicidade, pai-educador de dois filhos e presidente da Associação Nacional de Educação Domiciliar (Aned).
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