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A educação científica, articulada ao processo histórico e social, é fundamental para o desenvolvimento humano. A sua importância como fator de transformação social está justamente na capacidade de desenvolver diversas dimensões humanas, em particular, a capacidade intelectual dos estudantes que, pelo método científico, educam-se como seres curiosos, criteriosos e criativos.

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As feiras de ciências oferecem aos jovens pesquisadores o primeiro contato com a pesquisa sistemática: a criação, desenvolvimento e apresentação de projetos será em seu ambiente escolar. A educação científica tem potencial de transformar a escola em espaço de estudo e investigação à altura da produção científica de seu tempo. Tais iniciativas fortalecem a concepção pedagógica com foco em processos ativos de aprendizagem.

As feiras constituem uma ferramenta concreta para desenvolver o protagonismo dos estudantes

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Para o cientista José Carlos Reis, um dos mais importantes defensores da educação científica no Brasil, em um mundo modelado pela ciência e pela técnica, ela deveria ser a principal preocupação de seu tempo, por se constituir em um tema fundamental para duas batalhas dos países em desenvolvimento: o progresso e a soberania. As feiras eram consideradas por ele como uma “revolução pedagógica” com o propósito de melhorar as condições de ensino em geral e despertar entusiasmo pelo estudo das ciências.

O homem é um ser que possui uma curiosidade natural para saber como as coisas funcionam e por quê. Contudo, por alguma razão, as ciências assustam e afastam estudantes. Segundo o intelectual, o que torna a ciência mais atraente (e melhor ensinada) é oferecer uma forma mais dinâmica de estudá-la e as feiras constituem uma ferramenta concreta para desenvolver o protagonismo dos estudantes, servem como veículos de divulgação e popularização de ciência.

As atividades realizadas nas feiras, da elaboração à apresentação do projeto, estimulam a iniciação científica e tecnológica de estudantes da educação básica. Os alunos aprendem a se organizar em equipes e colaborar para a resolução de problemas; recebem estímulo para se aprofundar nos estudos e descobrir novos conhecimentos a partir de vivência de sala de aula. O aluno que participa da feira escolar irá vivenciar as etapas de problematização, investigação, inovação e divulgação de temas relacionados ao desenvolvimento de processos científicos e tecnológicos de todas as áreas do conhecimento. Neste sentido, problemas urbanos, ambientais, bioéticos, o uso de tecnologias digitais para fins sociais, entre outros, tornam-se objeto de pesquisa de relevância reconhecida pela comunidade escolar e com impacto na comunidade.

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Outro benefício é a integração escola-sociedade pois confere visibilidade a pesquisas de impacto local, além de aproximar estudantes de profissionais de modo a ampliar suas relações e desenvolver a compreensão do significado sociocultural da ciência como atividade humana transformadora e emancipadora. O estudante se torna mais crítico, criativo e autônomo, tanto intelectual quanto eticamente, além disso a interação com alunos e professores de outras escolas amplia sua visão de mundo e seus relacionamentos. É importante destacar que, para além da popularização das ciências, coloca-se o desafio político da reforma do sistema escolar para que se torne possível a integração entre ciência e trabalho, privilegiando a apropriação da cultura geral, moderna e humanista, em um novo princípio educativo que articule a educação básica com a profissional, de modo amplo e generoso.

Toda a comunidade escolar, particularmente gestores e educadores, precisam se envolver com a redescoberta das feiras de ciências como parte importante do processo de desenvolvimento e aprendizagem. Esta deve ser uma atividade complementar fundamental nos currículos escolares, em todos os níveis, principalmente por aliar práticas educativas com total integração entre prática e teoria.

Fábio Inácio Pereira é graduado em Filosofia pela Universidade do Sagrado Coração e Pedagogia pelo Instituto Superior de Educação do Paraná. Mestre em Educação pela UEM e doutor em Educação pela PUCPR. Atualmente é professor adjunto do curso de Filosofia, membro do Núcleo de Excelência Pedagógica, do Núcleo de Direitos Humanos e coordenador de Iniciação Científica da PUCPR - Câmpus Maringá.