O Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), lançado pelo presidente Lula esta semana, prevê uma série de ações relativas ao crescimento do país, que são muito importantes e demonstram boas intenções.
Na análise das propostas apresentadas e da repercussão de seu impacto na economia brasileira e na vida de todos nós, deixarei de lado as questões eminentemente técnicas para chamar a atenção ao que creio ser o ponto-chave do PAC ou de qualquer outra iniciativa para resolver os problemas da nação, que não são poucos.
Historicamente, os problemas que se apresentam e tornam-se grandes desafios para os governantes esbarram sempre na mesma questão: a quem interessa o sucesso de uma proposta e a quem interessa seu fracasso. Parece óbvio que crescimento, distribuição de renda, aumento da riqueza, infra-estrutura adequada às demandas, redução de gastos públicos, de impostos e de juros, reformas (tributária, da previdência, trabalhista e do judiciário), geração de empregos e renda, investimentos públicos e privados é o querem todos.
A questão é que mesmo que a maioria do povo esteja disposta a sacrificar uma pequena fração das vantagens adquiridas, as intenções e os projetos são desalinhados por interesses absolutamente político-eleitoreiros.
Seguindo a tese de quanto pior melhor, existe o grupo dos interessados em que nada dê certo e não estou falando apenas da oposição. Há o oposicionista infiltrado, aquele que está ao lado do governo, mas não está no poder e, portanto, torce para que alguém erre para que ele possa aparecer. Se estiver fora do centro das decisões, fica à espreita para encher o peito e criticar. Isto não é mais possível.
É imperativo o comprometimento de toda a sociedade civil organizada e das lideranças nacionais com o avanço do país. O PAC se enquadra nesse caso. Se der certo vai dar uma grande visibilidade ao governo Lula e pode dar uma nova presidência ao PT. Se der errado, certamente facilita a vida da oposição e também dos "corneteiros" de plantão.
Seria bom que todos pudessem esquecer de interesses pessoais e políticos inclusive o presidente e seu governo , para estar do mesmo lado, ou seja, o lado do Brasil. Após o lançamento do programa várias vozes corporativistas surgiram. Se todos sabem que manter certos privilégios não é possível para o país, por que não concentrar esforços nas soluções? O PAC pode ser o começo de uma era de crescimento em que ganharão todos, pois o plano nasce como uma resposta aos anseios nacionais.
As críticas de que o grande beneficiário direto é a construção civil devem ser aliviadas, pois o setor tem reflexos sobre toda a economia, já que é o segmento capaz de absorver mão-de-obra mais rapidamente, gerando emprego e renda e, conseqüentemente, crescimento para toda a sociedade.
Cabe a nós, brasileiros, apoiarmos as iniciativas para resolver os sérios problemas do país, fazendo cada um a sua parte. Cabe-nos mais ainda: fiscalizar quem pode e queira atrapalhar. Por isto, lanço aqui a antítese da tese do torcedor ao contrário. Para nós, quanto melhor, melhor! O PAC é o Brasil que precisa de apoio para crescer.
Heitor Kuser é presidente do Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Econômico e Social (IBDES) e formado em Direito pela PUC/RS, com especialização na Fundação Getúlio Vargas.