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Está acontecendo uma revolução silenciosa que está fundindo arte, esporte, jogos, economia criativa com o mundo das criptomoedas. Os Non-Fungible Token (NFT) – ou, em português, “token não fungível” – são um registro de um ativo em formato digital (neste caso, indivisível) na blockchain, rede imutável que opera com muita criptografia e permite o funcionamento dos sistemas de criptomoedas, como o bitcoin. Numa tradução para leigo, uma moeda que outorga o direito de propriedade para alguém de uma coisa intangível que só existe no mundo virtual.

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Em 2020, a liga de basquete norte-americana NBA decidiu vender jogadas de basquete dos seus jogadores. Como assim, jogadas? Sim, jogadas. Imagine que um jogador famoso realize uma enterrada épica, faltando um segundo para o jogo terminar. A NBA pode vender essa jogada e dar ao comprador o NFT como mostra de propriedade. Pode haver muitas pessoas com o vídeo da jogada, mas somente uma pessoa, a que pagou por ela, será dona, com certificação da própria NBA. Até agora a NBA já faturou nessa plataforma aproximadamente US$ 200 milhões em vendas em cinco meses. O negócio saiu mais lucrativo do que se esperava.

O CEO do Twitter, Jack Dorsey, vendeu por US$ 2,9 milhões, como NFT, o seu primeiro tweet, ou seja, as suas primeiras palavras publicadas nessa rede social. Em março deste ano, o artista digital Mike Winkelmann, mais conhecido por seu pseudônimo Beeple, vendeu uma obra registrada como NFT, por mais de US$ 69 milhões. O nome da peça é Everydays – The First 5000 Days e ela compilou, segundo o autor, anos de desenhos diários em uma única colagem, leiloada pela famosa casa Christie’s. Detalhe: a obra não foi impressa, não foi pintada, foi produzida em computador. Só existe no mundo digital. Alguém pagou por essa obra unicamente digital. A esse respeito, o jornal americano The New York Times brincou: “Venderam um arquivo jpg (extensão famosa de figuras e imagens de computador) por 69 milhões de dólares!”

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A pergunta que não quer calar é: por que o NFT se torna relevante? Ainda é cedo dizer assertivamente até onde tudo isso vai parar, mas, a priori, pode-se dizer que o NFT funciona como um selo de propriedade de coisas, obras, vídeos etc. do mundo digital. Quem possui o NFT é dono, tem a propriedade do intangível.

Antes que alguém fale que isso é uma bolha e não se justifica, é preciso estudar um pouco de história e ver que, por exemplo, no início do século 20 um mictório usado foi vendido por quase US$ 1 milhão (procure na internet pelo “urinol do Duchamp”). Essa nova tendência veio regulamentar um mercado subjetivo por meio de uma moeda muito subjetiva, que é a criptomoeda. Casamento perfeito. Dizer que isso é bolha é de um reducionismo preguiçoso de quem não acompanhou a evolução da moeda ao longo da humanidade. Daqui para a frente, vamos ouvir falar muito sobre isso.

Hugo Eduardo Meza Pinto, economista e doutor, é professor da Estácio Curitiba e associado da empresa de economia criativa Amauta.

Infográficos Gazeta do Povo[Clique para ampliar]