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Em todo o mundo, mais de 1,3 milhão de pessoas morrem em função dos acidentes de trânsito a cada ano. Além das vidas perdidas, eles causam um enorme impacto na sociedade e no sistema de saúde, custando de 1% a 3% dos PIBs nacionais. Para entender como isso afeta o Brasil, dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) de 2020 mostram que os custos com acidentes em rodovias e áreas urbanas estão estimados em R$ 50 bilhões. No Sistema Único de Saúde (SUS), entre 2018 e 2020, R$ 839,8 milhões foram gastos com internações por traumas no trânsito.
Como reduzir esses números? A resposta passa por diversos aspectos: informação, conscientização, mobilização e criação de ações e políticas públicas para maior segurança e consciência no trânsito. Nesse aspecto, a obrigatoriedade do exame toxicológico para condutores das categorias C, D e E (caminhão, ônibus e carretas) é outra medida importante. Desde abril de 2021, todos os motoristas profissionais com idade inferior a 70 anos precisam realizar o exame toxicológico a cada 2 anos e 6 meses.
Desde que entrou em vigor, esta medida já ajudou diminuir em 16,59% a taxa de acidentes ocorridos por ingestão de álcool e/ou substâncias psicoativas em relação a 2015, quando o exame ainda não era exigido. Em números gerais, esse porcentual corresponde a 5.520 incidentes a menos nas estradas, de acordo com a Confederação Nacional do Trânsito. Interessante reforçar que no último feriado, da Proclamação da República, houve uma redução de 12% no total de acidentes nas estradas em comparação com 2019, segundo a Polícia Rodoviária Federal.
Todos precisam ser agentes de transformação em favor da vida. É com a contribuição de cada um que vamos alcançar o trânsito seguro que todos querem e merecem.
É mais do que urgente desmitificarmos o papel do teste toxicológico. Ele não tem o objetivo de segregar ou expor o motorista, mas sim de manter ativos na direção de veículos aqueles que não oferecem riscos à população ou ao tráfego.
Para entendermos a dimensão do exame, convém destacar que ele é realizado a partir de uma mecha de cabelo. Com esse material, é possível detectar se houve consumo de drogas com um espaço de 90 dias ou mais, diferentemente de outros tipos de verificação, como de urina ou sangue. Para tornar esse processo ainda mais seguro e confiável, o procedimento de coleta é feito sempre com a presença de uma testemunha.
O Dia Mundial em Memória das Vítimas de Trânsito, celebrado no último domingo, mantém viva a lembrança daqueles envolvidos em acidentes e tem o papel de alertar para a importância da segurança no trânsito como forma de preservação da vida e para o peso que cada ação individual tem no coletivo. Todos precisam ser agentes de transformação em favor da vida, seja praticando uma direção segura ou mantendo seu teste toxicológico em dia, caso seja condutor profissional. É com a contribuição de cada um que vamos alcançar o trânsito seguro que todos querem e merecem.
Henrique Bicalho é diretor de Negócios do laboratório ChromaTox.