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Graças à pronta resposta de vários governos e aos aportes de muitos bilhões de dólares que permitiram tirar do sufoco indústrias, bancos e grandes corporações em geral, a crise começou a arrefecer no segundo semestre de 2009. Aos poucos, a economia se reergueu, e o clima de otimismo se sobrepôs ao temor que marcou os primeiros meses do ano passado.

Foi nesse contexto de "renascimento do mercado" que aconteceu o COP-15, encontro de lideranças mundiais realizado no final de 2009 na capital da Dinamarca. Os tomadores de decisão de países desenvolvidos e emergentes discutiram alternativas voltadas a viabilizar o crescimento econômico aliado à redução das emissões de gases de efeito estufa.

Com discordâncias aqui, discursos inflamados acolá, o mundo foi reintroduzido na onda da "febre verde" que ganhou força após a veiculação do documentário Uma Verdade Inconveniente, de Al Gore, e a divulgação do relatório de 2008 do International Panel of Climate Changes (IPCC ), que atribuiu às ações humanas a responsabilidade pelo aumento nas emissões dos gases de efeito estufa e o consequente aumento da temperatura na superfície terrestre.

Muita gente, num primeiro momento, interpretou a Cúpula de Copenhague como uma decepção, mas essa avaliação foi um tanto precipitada. Está certo que o desejo universal de ver os grandes líderes chegarem a algum consenso sobre a redução das emissões de CO2 foi frustrado. Porém há de se reconhecer que não havia como chegar a uma solução simples. A própria realização do encontro deve, portanto, ser colocada no âm­­bito das vitórias.

Prova inconteste de que os esforços mundiais não têm sido em vão é a decisão do Fundo Monetário Internacional (FMI) de criar um "Fundo Verde", estimado em 100 bilhões de dólares. Anun­­ciado em 1.º de fevereiro de 2010 no Fó­­rum Econômico Mundial, em Davos, o Fundo terá a missão de financiar projetos de baixa emissão de carbono nos países em desenvolvimento.

Segundo o diretor do FMI Dominique Strauss-Kahn, as nações emergentes não dispõem de recursos para financiar a pesquisa e a implantação de métodos de produção mais limpa – exatamente uma das questões centrais da COP-15. Ao mesmo tempo, os países riscos continuam às voltas com uma grande carga de dívida pública, derivada do combate à crise econômica. O Fundo Verde proporcionaria, assim, os recursos necessários à implementação das inovações que não podem ser adiadas, sem colocar em risco a sobrevivência financeira dos países.

A ênfase dada à questão ambiental em Davos sinaliza que o mundo está atento à necessidade de dirimir as mudanças climáticas. Para as empresas, isso significa que a responsabilidade socioambiental deve ser incorporada a suas práticas. A tendência é que, dentro de alguns anos, somente os empreendimentos sustentáveis se mantenham competitivos. Quem se preparar para esse novo amanhã terá muito mais chance de atingir o sucesso que merece.

Patrícia Centeno é gerente da área de sustentabilidade da BDO, empresa de auditoria

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