Remoldados são produzidos com carcaças de pneus europeus, os melhoresdo mundo. Melhores porque são feitos para excelente desempenho em altas velocidades impensáveis nas estradas brasileiras e para suportar grande variação de temperatura neve no inverno e intenso calor no verão. Porque rodam em autopistas preservadas e sem buracos. E porque o exigente motorista europeu os troca antes de ficarem "carecas".
Isso tudo faz com que a estrutura interna do pneu permaneça intacta. A indústria de pneus remoldados precisa dessa carcaça para fazer um produto novo e seguro, aprovado pelo Inmetro e com garantia superior aos fabricados pelas multinacionais instaladas no Brasil.
Há quem diga que o remoldado deveria ser feito com carcaças de pneus fabricados no Brasil. Sem nem entrar no mérito da qualidade do pneu nacional, eu pergunto: qual o estado atual das ruas e estradas brasileiras? A má conservação faz com que os pneus sofram intensos e constantes impactos, destruindo a sua malha. E, por falta de condições financeiras, a maioria só é trocada quando está imprestável.
Assim, pneus fabricados e usados no Brasil não servem para remoldagem, não passam nem pela primeira triagem de segurança. Servem bem como matéria-prima da indústria cimenteira, por exemplo, quando são picados e substituem coque de petróleo importado.
Muitos não entendem a razão de tanto barulho sobre a importação de nossa matéria-prima. Explico: não faz muito tempo, os pneus aqui fabricados e vendidos tinham preços exorbitantes e qualidade inferior ao que as mesmas multinacionais ofereciam em outros países. Isso mudou quando o remoldado entrou no mercado, com grande qualidade, garantia e preço acessível, e obrigou as fabricantes de pneus novos aqui instaladas a reduzir preços e melhorar produtos.
Surgiu então a acusação de que, ao importar sua matéria-prima, a indústria reformadora estaria trazendo lixo, pois haveria aumento no número de pneus jogados no meio ambiente. Para vencer isso, a nossa associação de remoldadores, a Abip, propôs e viu aprovada a resolução Conama 258/99, que obriga à coleta e destruição prévia de cinco pneus inservíveis para cada quatro pneus a ser importados, sejam eles novos, usados ou reformados. Ora, não é preciso um matemático para verificar que, cumprida a obrigação ambiental, há diminuição real dos pneus abandonados.
Já as multinacionais fabricantes de pneus no Brasil jamais a cumpriram, e até conseguiram dela se eximir em ação na Justiça Federal, alegando não existirem pneus velhos na natureza do Brasil para coletar. Por isso, é piada sua afirmação de que se preocupam com o impacto do "lixo-pneu" no nosso ambiente.
Enquanto elas negaceavam e nos faziam falsas acusações, nós cumprimos o nosso papel. O programa Rodando Limpo, por nós criado e mantido sem qualquer custo ao contribuinte, foi indicado pela ONU como caso exemplar de iniciativa eficiente para limpar o meio ambiente e combater a dengue. Isso foi recentemente reconhecido também na OMC Organização Mundial do Comércio.
Importar pneu usado para remoldar não é trazer lixo. Pelo contrário, é incentivar quem realmente limpa o meio ambiente. Proibir sua importação significa extinguir, sem motivo, um setor regulador da economia, fabricante de produto de qualidade e que emprega, só nas indústrias, mais de 10 mil trabalhadores brasileiros.
Francisco Simeão é presidente da BS Colway e da Abip Associação Brasileira da Indústria de Pneus Remoldados.
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